Open Finance: o que devo saber antes de compartilhar os meus dados?

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O Brasil conta, em 2023, com 188,3 milhões de brasileiros bancarizados – um salto de quase 14% em comparação a 2019. Essa queda no número de desbancarizados se deu principalmente ao sucesso das contas digitais, as facilidades oferecidas pelos super apps dos bancos e novas e melhores formas de pagamento que surgiram no mercado (alô, Pix!). Uma outra motivação importante foi o auxílio emergencial, que bancarizou cerca de 38 milhões de brasileiros, segundo a Caixa. 

Dentro dessa crescente, uma outra: ainda segundo dados do Banco Central, os brasileiros têm, em média, 5,2 contas em instituições financeiras. 

Nessa mesma onda, surge o Open Finance, que abre a oportunidade de as empresas terem acesso aos dados que seus clientes têm em outras instituições, de modo a tornar o mercado mais competitivo. Contudo, nota-se que esse processo gera hesitação nos consumidores, desconfiança essa pautada na desorientação sobre os procedimentos, benefícios e aplicações que os dados abertos podem oferecer tanto para pessoas físicas, como para jurídicas.


Porquê o Open Finance é seguro e você deveria compartilhar seus dados

A Lei Geral de Proteção de Dados determina que o próprio usuário é o detentor total de suas informações, o que lhe dá o direito de compartilhá-las com terceiras, bem como cancelar o consentimento a qualquer momento, seja entrando em contato com o DPO da empresa com quem compartilhou ou em uma aplicação específica.

Dessa forma, o Open Finance é uma segmentação da LGPD, que se aplica aos dados financeiros. Você pode compartilhá-los com quer for mais vantajoso para você, em troca de uma série de soluções, como a desburocratização e facilitação de alguns sistemas financeiros. Um exemplo é o gerenciamento de finanças pessoais, por meio do qual usuários com muitas contas em bancos podem ter uma visão 360° de todas elas em um único aplicativo.

A análise de crédito também pode ser muito mais benéfica e simplificada com o Open Finance. Os métodos tradicionais de análise de crédito são processos longos, demorados e que por vezes levam em consideração fatores que o usuário não consegue controlar, como um histórico de crédito ruim, mesmo que por uma dívida única feita há muito tempo ou até mesmo um histórico inexistente. Com o Open Finance, o histórico financeiro considerado é o atual, levando em consideração os hábitos de consumo, perfil financeiro e outros fatores, e pode favorecer a competitividade entre as instituições e oferecer um produto mais personalizado ao cliente. 

Mesmo com muitos benefícios, existem alguns procedimentos, como o compartilhamento de senha de acesso, que provocam desconfiança do usuário quando solicitado. Esse processo, porém, é totalmente seguro e padronizado. 

Todas as instituições que trabalham com Open Finance devem seguir regras rigorosas determinadas pelo Banco Central e estarem de acordo com a LGPD. Por isso, o consumidor deve se atentar aos termos de uso e política de privacidade, que devem explicitar quais dados serão capturados, a justificativa de uso e o objetivo final com o compartilhamento.

Para que a instituição financeira confirme que é você com o banco ao qual está consentindo acesso, ela precisa apresentar um "código" que demonstra sua autorização para o compartilhamento de extratos e a senha de acesso é utilizada para esse fim. Imagine que você pediu um delivery de comida e o motoboy retira o pedido para você. Quando a entrega é feita, ele te pede um código, para confirmar que foi realmente você que pediu, não é? O mesmo acontece no Open Finance e é por isso que sua senha de acesso é necessária.

Mas atenção: Um ponto importante antes do compartilhamento é verificar se a empresa pode realmente ofertar um serviço ou produto benéfico para você. Seus dados tem muito valor e você só deve compartilhá-los se for uma troca ganha-ganha. Caso não esteja satisfeito, lembre-se que você tem todo o direito de pedir a revogação do seu consentimento a qualquer momento.

Mas pode ficar tranquilo: as empresas dedicadas aos serviços de compartilhamento desenvolvem um trabalho sério. Na Pluggy, estamos sempre evoluindo os serviços em conjunto com clientes e parceiros, moldando de acordo com as necessidades do mercado. Com base nos casos de uso, repassamos as demandas para os desenvolvedores, que fazem pesquisas aprofundadas sobre as viabilidades. Um exemplo interessante que a Pluggy acabou de desenvolver é a portabilidade de previdência, ao lado da Sinqia, desenvolvedora de softwares para o mercado financeiro: passamos a recuperar dados de previdência, como número SUSEP, CNPJ do fundo, a partir do momento em que passamos para a POC (proof of concept) do produto pensado. Tudo para tornar o processo de portabilidade menos burocrático e o mais simples para usuários.

Reitero que o Open Finance não é algo a se temer, mas aproveitar ao máximo para simplificar sua vida financeira. O mercado já está se movimentando dessa forma, você vem?

Bruno Loiola, cofundador da Pluggy.

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