Pentest em 2025: A Arte Estratégica de Antecipar a Ameaça

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O alerta está aceso e a guerra invisível acontece agora e todos os dias, novas falhas são descobertas em sistemas, aplicativos, APIs, servidores e dispositivos. Em 2025, o mundo digital vive em constante estado de alerta.

De um lado, equipes de segurança tentando manter o controle. Do outro, cibercriminosos, equipados com inteligência artificial, redes de bots, ferramentas automatizadas e engenharia social de ponta.

E não importa o tamanho da sua empresa. Se você está online, você é um alvo, não dá mais para confiar na sorte ou reagir apenas quando algo dá errado. A defesa precisa ser proativa.  A era da reação ficou para trás. Agora, o jogo exige antecipação. E é aqui que os testes de penetração entram em cena, o famoso pentest, sendo mais do que um procedimento técnico, ele se tornou um diferencial competitivo, uma exigência regulatória crescente e, acima de tudo, um sinal claro de maturidade digital.

O que é pentest
Pense no pentest como um "jogo de guerra" cibernético — mas do bem. É uma simulação controlada de invasões, feita por especialistas éticos (os ethical hackers) para descobrir exatamente o que um atacante conseguiria fazer se encontrasse uma brecha nos seus sistemas. Ao contrário de auditorias tradicionais, o pentest não se limita a listas de verificação. Ele responde à pergunta que realmente importa: "e se?"

"E se alguém explorasse essa falha? O que aconteceria?"

Para isso, o teste segue etapas bem estruturadas:

  1. Planejamento e Escopo – definição dos alvos, objetivos e profundidade do teste (caixa preta, branca ou cinza).
  2. Reconhecimento – coleta de dados públicos e técnicos.
  3. Varredura e Mapeamento – identificação de portas, serviços e vulnerabilidades.
  4. Exploração – simulação real de invasões.
  5. Pós-exploração – avaliação de impacto, persistência e escalabilidade.
  6. Relatório técnico e executivo – evidências, riscos e recomendações priorizadas.
  7. Reteste (opcional) – para validar as correções.

    Evolução da IA em simulações

Com a evolução da IA e a integração com pipelines de desenvolvimento, os pentests estão mais sofisticados, inteligentes e rápidos. Hoje, simular um ataque real com precisão é mais acessível do que nunca.

Ferramentas como:

  • Burp Suite Pro & OWASP ZAP – análise dinâmica de aplicações web.
  • Nmap, Nessus, Masscan – mapeamento e descoberta de serviços.
  • Metasploit & Cobalt Strike – exploração de falhas com técnicas avançadas.
  • BloodHound e Sliver – análise de privilégios e movimentação lateral.
  • Fuzzing com IA – testes automatizados que simulam comportamentos imprevisíveis.

E não para por aí. Novos vetores também estão no radar: blockchain, inteligência artificial, IoT, ambientes multi-cloud. O perímetro se expandiu e a responsabilidade também.

Pentest em ação
O pentest vai muito além de "achar falhas". Pois ele oferece clareza, traduz ameaças invisíveis em ações concretas e traz à tona aquilo que você não vê, mas que pode te custar caro se for ignorado. Entre os principais benefícios, estão:
(i) correções antes que um incidente aconteça;
(ii) validação técnica, sem achismos;
(iii) priorização inteligente de investimentos em segurança;
(iv) conscientização técnica e executiva;
(v) fortalecimento da confiança com clientes, parceiros e reguladores.

Em tempos de vazamentos multimilionários, fazer o dever de casa é mais do que precaução, é sobrevivência.

Exigência legal
O pentest também é uma exigência legal, com o avanço das legislações sobre segurança e privacidade, o pentest não é mais só uma boa prática. Em muitos casos, ele é obrigatório:

  • PCI DSS exige testes semestrais para quem lida com dados de cartões.
  • ISO 27001/27701 recomenda pentests regulares como parte do ciclo de segurança.
  • LGPD e GDPR, ainda que não citem diretamente, exigem controles proporcionais aos riscos.
  • Órgãos reguladores como Banco Central, ANS e ANPD já reconhecem os testes como fundamentais.

Manter uma rotina de pentests ajuda não só a reduzir riscos, mas também a comprovar diligência técnica diante de eventuais investigações ou penalidades.

Proteção e Segurança com Pentest

O erro mais comum que vemos é tratar pentest como tarefa de checklist, pois muitas empresas, especialmente as que estão crescendo, cometem o mesmo erro: fazer um pentest por ano, só para "cumprir tabela".
Mas segurança não é um projeto com começo, meio e fim. É um ciclo.
Pentest maduro é processo contínuo. É parte da estratégia de desenvolvimento, da governança, da cultura digital.

Características de um pentest que realmente protege:

  • Frequência ajustada à criticidade dos ativos.
  • Escopos atualizados a cada mudança.
  • Combinação entre equipes internas e consultorias externas.
  • Integração com programas de bug bounty e DevSecOps.
  • Retestes obrigatórios após correções.

Quem entende isso, não só previne ataques. Evolui com eles.

Maturidade digital
Diante de tudo isso o futuro do pentest já começou e cada vez mais deve estar no plano estratégico de segurança da informação pois a tendência é clara: os pentests estão ficando mais:

  1. Inteligentes, com IA generativa capaz de adaptar ataques, simular perfis e gerar relatórios executivos.
  2. Contínuos, por meio do modelo Pentest-as-a-Service, integrando testes aos ciclos de desenvolvimento.
  3. Abrangentes, envolvendo cadeias de fornecedores, compliance digital, dispositivos físicos e governança de IA.

Esse novo cenário exige maturidade, agilidade e uma mudança profunda na forma como enxergamos segurança.

Desta forma, a coragem é encarar a verdade antes que ela seja explorada, fazendo pentests com maior periocidade e olhar de frente para as vulnerabilidades, aceitando que o risco existe e que enfrentá-lo é parte do crescimento.

Porque, no fundo, a pergunta nunca foi "vou ter problemas?". A pergunta é: vou descobrir antes ou depois de ser atacado?

Investir em segurança não é gastar com medo. É apostar no futuro. É transformar vulnerabilidades em evolução. É provar que inovação e proteção andam juntas — e que maturidade digital não é luxo, é necessidade.

Paulo Baldin – Sócio Diretor de Riscos Cibernéticos, Tecnologia e Forense Digital da CLA Brasil e Eliezer Souza – Gerente Sênior de Riscos Cibernéticos da CLA Brasil.

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