Criado pela Prefeitura do Rio de Janeiro para aprimorar a gestão das ocorrências urbanas e melhorar as condições de vida dos cariocas, o Centro de Operações Rio, inaugurado no fim do ano passado, ainda não conseguiu mensurar o retorno das melhorias realizadas. Apesar disso, Marcelo Haddad, presidente da Rio Negócios, uma das empresas que participam do projeto, ressalta que o CORio já trouxe melhorias efetivas para a população no sentido de tornar mais ágil a comunicação e as ações em casos de emergência, como a que ocorreu no dia 13 de outubro, quando um botijão de gás explodiu no térreo de um hotel na cidade.
"Ganhamos tempo porque as câmeras de vigilância, integradas ao sistema do CORio, possibilitaram o envio de informações simultâneas para a polícia, corpo de bombeiros e sistema de saúde, e que resultaram num rápido atendimento", destacou. Haddad diz que, sem o CORio, "talvez não fosse possível realizar o atendimento adequado, praticamente imediato ao acidente".
O projeto foi tema da segunda edição do Brasscom Global IT Forum, organizado pela Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação do Brasil (Brasscom) em parceria com a revista britânica The Economist, nesta quinta-feira, 3, em São Paulo.
O CORio foi desenvolvido por meio de parceria entre a Prefeitura do Rio, a empresa Rio Negócios e empresas de telecomunicações. A IBM e a Samsung trabalharam na integração de sistemas dos cerca de 30 órgãos públicos, unificando a gestão e a tomada de decisões nas ocorrências. As ruas da cidade são monitoradas ininterruptamente por 300 monitores espalhados por cem salas da sede do centro, no bairro Cidade Nova.
A inexistência de métricas, com números específicos sobre os benefícios trazidos, alimenta o ceticismo da população. Durante painel no evento, foram mostrados depoimentos de cidadãos que provam que a falta de resultados específicos gera desconfiança do cidadão. Haddad defende, contudo, que o CORio é um exemplo de investimento em TI feito para melhorar as condições de vida na cidade e sublinha necessidades que o centro não consegue atingir na totalidade, o que abre espaço para outras empresas do setor desenvolverem soluções integradas. "Falta integração de sistemas de segurança pública e principalmente transportes, que auxilie na mobilidade urbana", reconhece. Ele admite, contudo, que a tecnologia por si só não é capaz de melhorar a qualidade de vida na cidade. "A tecnologia é apenas um recurso, nada funcionará se não for acompanhada de medidas reais de infraestrutura", acrescenta.