A China rebateu as críticas à sua proposta de lei de contraterrorismo feitas pelo presidente Barack Obama, dizendo que os EUA e outros governos também querem que as empresas de tecnologia forneçam acesso a seus sistemas, como condição para a compra de produtos e serviços estrangeiros por órgãos estatais.
O projeto chinês estabelece uma série de regras para que as operadoras de telecomunicações e empresas de internet ajudem as agências de segurança chinesas no combate ao contraterrorismo, com medidas tais como a entrega de chaves de criptografia e a implantação de backdoors (portas dos fundos, em tradução livre, dispositivos que executam comandos não autorizados em servidores) em seus sistemas para o uso por parte das autoridades.
Grupos empresariais americanos e europeus estão indignados com o escopo do projeto, já que consideram as regras intrusivas por exigirem o fornecimento de informações que envolvem propriedade intelectual às autoridades chinesas. Obama disse na segunda-feira, 2, que está preocupado com a proposta de lei e que as empresas norte-americanas teriam dificuldade "com o fornecimento no atacado de dados, inclusive pessoais, a um governo".
Prevenção ao terrorismo
O porta-voz do Congresso Nacional do Povo, Fu Ying, disse nesta quarta-feira, 4, que as medidas previstas no projeto de lei seriam usadas por agências de segurança exclusivamente para investigar e prevenir atividades terroristas e estarão sujeitas a um rigoroso processo de aprovação. Ele sustenta que as medidas estão em conformidade com a "prática internacional comum" e acusa os governos ocidentais de também procurarem obter esse acesso de empresas de tecnologia.
"Na verdade, muitos países ocidentais, incluindo os EUA e o Reino Unido, têm solicitado às empresas de tecnologia o fornecimento de acesso a chaves de criptografia e a dados", disse Fu em uma entrevista coletiva, segundo o The Wall Street Journal. "Nós esperamos poder ter um diálogo e trabalhar juntos em questões envolvendo a internet com base no respeito mútuo. O ideal é criar regras gerais para a governança e supervisão da internet, em vez de criar padrões duplos."
O projeto de lei também exige que as empresas colaborem com as agências governamentais facilitando a descriptografia, quando solicitado, e no armazenamento de dados dos usuários chineses em servidores instalados naquele país.
O projeto de lei chinês foi um dos temas tratados por Obama em entrevista na segunda-feira, quando citou a intenção da China de rever as regras para a compra de produtos e serviços de empresas de tecnologia pelos bancos daquele país. Obama disse que expressou preocupações sobre essas questões diretamente com o presidente chinês, Xi Jinping.