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A inovação dos pagamentos instantâneos

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Os pagamentos em tempo real têm sido uma realidade para a indústria financeira há quase 50 anos. Iniciaram com o sistema de pagamentos do Japão, em 1970 e, nas décadas seguintes, Reino Unido, China e Índia se sobressaíram ao introduzirem estruturas próprias de pagamentos desta natureza. Mas não parou por aí. Estamos vivendo uma verdadeira revolução dos pagamentos em tempo real, com novos sistemas sendo implementados, e alguns sendo revisados com uma amplitude global. Hoje, vemos iniciativas que envolvem diversos atores do mercado e que impactam diferentes segmentos do ecossistema financeiro. 

O estudo The Global Payments Report 2022, da Worldpay From FIS, apresenta dados que nos ajudam a dimensionar o ritmo desta corrida. Pelo levantamento, havia 14 modelos de meios de pagamentos em tempo real no mundo em 2014. O número quadruplicou em 2020, com 56 mercados no planeta oferecendo algum modelo de pagamento instantâneo. Desde então, a cada ano novas iniciativas são postas em operação em diferentes partes do planeta, como na Rússia, nos Emirados Árabes Unidos, na Argentina e na Colômbia. Com isso, 72% do mundo conta hoje com uma infraestrutura de pagamentos em tempo real totalmente implementada, ou em vias de ser. 

Tivemos impactos significativos e diferenciados na sociedade como reflexo da aceleração e do uso frequente da tecnologia. Em 2021, a Índia atingiu o maior volume diário de pagamentos em tempo real (70,2 milhões) no mundo, seguida da China com 42,8 milhões. Para que tais pagamentos se tornem globais, os diversos métodos de pagamento instantâneos existentes precisam oferecer uma maneira conjunta de aceitar e transferir dinheiro, e temos observado movimentações no sentido de alavancar essas transações. 

No ano passado, a Comissão da União Europeia aprovou o P27, primeira plataforma digital do mundo – e que reúne os seis maiores bancos dos países nórdicos -, que permitirá que empresas e consumidores façam pagamentos domésticos e internacionais em tempo real, em lotes e em múltiplas moedas entre si. 

Agências governamentais de vários países, por sua vez, têm usado cada vez mais pagamentos instantâneos para pensões, benefícios, taxas e multas. Nos Estados Unidos, regiões da Ásia-Pacífico e União Europeia, casos de uso corporativo e empresarial relacionados a salário, contas a pagar, débitos diretos pré-autorizados e pagamentos em lote estão trazendo pagamentos de altos volume e valor para os métodos em tempo real. 

No e-commerce também há exemplos de incentivo a transações em tempo real. Na América Latina, Argentina e Colômbia já tinham soluções estabelecidas e apresentaram evoluções em seus produtos. O novo serviço de pagamento em tempo real argentino ‘Transferencias 3.0’ permite que consumidores e empresas façam pagamentos com cartões de débito e pré-pagos, e QR Codes. O sistema é aberto e interoperável com pagamentos de qualquer plataforma para todas as contas, sejam bancárias ou de carteiras virtuais. Dois meses após o lançamento, mais de 100 mil empresas e 50 mil lojas passaram a aceitar pagamentos com QR Code. Um volume de 1,5 bilhão de novas transações é esperado até 2023, crescendo 5% ao ano nos próximos três anos. E na Colômbia, onde o serviço oferecia suporte apenas a pequenos comerciantes, está para expandir e oferecer pagamentos com foco em negócios por meio da API aberta. 

O crescimento do volume de transações instantâneas torna-se, então, uma consequência de medidas que vêm sendo aplicadas localmente. Em 2021, o Chile se destacou com um aumento de 140% no volume de transações (quase dois milhões por dia), com México e Brasil crescendo de forma saudável a 66% e 33%, respectivamente (quatro e cinco milhões de transações por dia). E, para promover ainda mais o uso do Pix, o Brasil está solicitandi que todas as instituições, incluindo fintechs, participem deste meio de pagamento instantâneo se tiverem mais de 500 mil contas de clientes ativas, enquanto que a participação permanece voluntária a instituições de pagamento que não atendem aos critérios. 

Assim como Buy Now Pay Later – modalidade de empréstimos parcelados que permite ao consumidor fazer compras e pagá-las em uma data futura – teve impactos significativos em bancos, grandes estabelecimentos e bandeiras de cartões, os pagamentos em tempo real vão desempenhar um papel semelhante na inovação contínua dos meios de pagamento. O BNPL não se resume apenas a um modelo de pagamento. É também uma forma de dar início a um relacionamento e de criar uma experiência fantástica para o cliente. 

Na esteira da inovação, a atual combinação de Open Banking e infraestrutura de transações instantâneas criará alternativas aos clientes e novas maneiras para estabelecimentos e empresas atuarem. E não há dúvida de que os pagamentos em tempo real ajudarão a impulsionar o crescimento e a redistribuição de participações de mercado x tipos de pagamento. A revolução só começou. 

Filiberto Galarraga, diretor de Negócios Bancários e de Pagamentos da FIS para América Latina. 

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