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Dell e EMC estimam sinergias de US$ 19 bi e receita anual de US$ 80 bilhões com fusão

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A fusão da EMC com a Dell, que resultará na criação da Dell Technologies, não só representará a maior aquisição na história da indústria de tecnologia como também criará uma nova potência do mercado de soluções e serviços de TI, com receita anual estimada em US$ 80 bilhões. Previsto para ser concluído entre junho e outubro deste ano, o negócio inclui a VMware, fabricante de software de virtualização, a Pivotal, joint venture formada pela EMC e VMware que atua como fornecedora de serviços, software e soluções de TI, a VCE, fornecedora de infraestrutura convergente, a RSA, especializada em segurança, e a Virtustream, empresa de computação em nuvem.

Conforme ressaltou Michael Dell, presidente e CEO da Dell, na abertura do EMC World 2016, que termina nesta quinta-feira, 5, em Las Vegas, EUA, a fusão cria oportunidades de crescimento, com a oferta de novos produtos e serviços, além de colocar a nova empresa em condições de competir no mercado corporativo com gigantes como a IBM, HP Enterprise e Cisco Systems

O executivo, aliás, usou seu discurso de abertura do evento para alfinetar a rival HP, dizendo que enquanto a Dell está ganhando participação de mercado, a HP gera menos receitas, menos inovação e realiza menos investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D). E foi além ao dizer que enquanto a HP se dividiu — em HP, Inc. e HP Enterprise —, a Dell está se unindo.

Ao falar de participação de mercado, Michael Dell, usou dados da empresa de pesquisas IDC para mostrar que enquanto as vendas de PCs da Dell cresceram 4% no primeiro trimestre deste ano nos Estados Unidos, a HP diminuiu 14%. A Dell ganhou 2,5 pontos de market share no período, ao passo que a HP perdeu 2,4 pontos. Citou também que, pela primeira vez em mais de seis anos, a empresa assumiu o topo do mercado de PCs nos EUA. Em contrapartida, no mercado de servidores, o cenário é o oposto. A HP Enterprise lidera com folga, com fatia de 24,9% do mercado mundial, contra 16,7% da Dell, segundo o último estudo referente ao quarto trimestre de 2015.

O ataque frontal do CEO da Dell à HP tem duplo propósito. Um deles é do ponto de vista estratégico, já que além de ser o maior concorrente da empresa nos mercados de PCs e servidores, a HP Enterprise é a principal rival — junto com a IBM — que a Dell Technologies vai enfrentar no segmento de serviços corporativos.

Outra finalidade é desqualificar o discurso da CEO da HP Enterprise (HPE), Meg Whitman, de que a empresa perderá a capacidade alavancar a inovação, declaração feita logo depois que o negócio entre a Dell e a EMC foi anunciado em outubro de 2015 e que vem sendo usada de forma recorrente. O argumento dela é que Dell ficará com um dívida de quase US$ 50 bilhões para pagar os US$ 67 bilhões pela EMC. A CEO da HP calcula que somente o pagamento de juros sobre essa dívida consumirá US$ 2,5 bilhões por ano, o que, segundo ela, serão retirados da área de P&D e outras atividades críticas do negócio.

Uma pessoa da EMC, no entanto, ouvida por este noticiário sob a condição de anonimato, rechaça prontamente esse discurso, ressaltando que a EMC gasta mais em P&D do que a própria Dell e a HP Enterprise. A mesma fonte observa que a HPE foi uma das pretendentes à compra da EMC e como não obteve sucesso agora tenta depreciar o negócio. Mas reconhece que a empresa a ser batida é realmente a HPE.

A Dell está buscando maneiras de reduzir o peso da dívida antes mesmo do negócio se concretizar. Por exemplo, estuda a venda de algumas empresas, como a SonicWall e a Quest. No fim de março, ela anunciou a venda da divisão de serviços corporativos à NTT Data, braço de tecnologia da gigante japonesa de telecomunicações NTT DoComo, por cerca de US$ 3,1 bilhões. A unidade, batizada de Dell Services, havia sido criada em 2009, após a aquisição pela fabricante de PCs da Perot Systems, por US$ 3,9 bilhões.

Isso sem falar que o pacote de bonificação anual a Michael Dell foi cortado em US$ 11 milhões, de acordo com documento arquivado recentemente na Securities and Exchange Commission (SEC). O memorando diz que a empresa foi obrigada a fazer o corte em razão da compra da EMC.

Ganhos de sinergias

Embora nas circunstâncias atuais, fusões envolvendo grandes empresas de TI sejam vistas com grande desconfiança pelo mercado, até mesmo como uma estratégia de negócio ultrapassada, alguns analistas ouvidos por este noticiário durante o EMC World 2016 disseram que no caso da EMC especificamente a união com a Dell pode ajudar, por exemplo, a reduzir a desvantagem que a empresa tem hoje em relação às startups que fornecem sistemas de armazenamento baseados na tecnologia flash, mercado no qual a EMC chegou atrasada em ainda luta para se impor.

Outro ponto positivo é que, com o fechamento do capital da empresa, desaparece também a pressão de curto prazo por resultados trimestrais que domina a cultura das companhias com ações em bolsa. Analistas observam que sob uma estrutura privada, a Dell Technologies terá mais tempo para inovar e maior escala em P&D.

Um aspecto destacado por Patricia Florissi, vice-presidente de vendas globais e CTO da EMC, é a possibilidade dos clientes lidarem com um único fornecedor e terem suas demandas atendidas em todos os aspectos, através do fornecimento de um line up completo de produtos e soluções. Isso, segundo ela, é especialmente benéfico para as empresas no Brasil, por poderem compor uma solução de ponta a ponta, o que torna também mais fácil a negociação. “Isso também torna o mercado mais ativo no país”, ressalta.

A executiva diz que as empresas estimam em US$ 19 bilhões as sinergias que a Dell Technologies obterá no curto prazo, mas faz questão de frisar que não foi uma fusão para reduzir custos, e sim para fazer com que o portfolio de tecnologia e serviços se tornem melhores.

*O jornalista viajou a Las Vegas a convite da EMC.

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