"O futuro da HP está no processamento de big data." Foi desta forma incisiva que a CEO da companhia, Meg Whitman, falou sobre o caminho e a estratégia da empresa para os próximos anos, durante apresentação no HP Discover 2012, fórum anual que reúne clientes e parceiros de negócios da empresa e que este ano ocorre em Las Vegas, nos Estados Unidos. De acordo com a executiva, a área de software não é o futuro para o qual a HP está se voltando, já que é vista como um complemento ao portfólio de hardware – negócio pelo qual sempre foi conhecida no mundo e que responde por 70% da receita da companhia.
"Nossa área de software otimiza e diferencia nosso hardware, mas o foco é ajudar nossos clientes a solucionar os problemas mais difíceis. Não estamos aqui para transformar a HP em uma empresa de software", ratificou Meg. Ela ressaltou que a unidade tem papel central no processamento seguro, ágil e simplificado de big data, principal demanda identificada entre os clientes da empresa.
De acordo com a CEO, as mudanças pelas quais a tecnologia da informação está passando com big data, ferramentas de mídias sociais e mobilidade mexem com a origem da computação. "O grande problema é que a TI nasceu para processar informação organizada e estruturada, o que representa apenas 15% do total disponível", observa Meg. A executiva citou também os software da Autonomy e da Vertica, empresas adquiridas no ano passado pela HP, que trabalham justamente com dados não estruturados para extrair vantagem competitiva com as informações coletadas.
O foco em hardware fica patente nos lançamentos recentes de servidores e infraestrutura para data centers, mas que são voltados para a deduplicação de dados. "Não estamos preocupados com a comoditização de infraestrutura de TI. Somos capazes de estar a frente disso, com tecnologias que quebram paradigmas, à frente da indústria", afirmou a CEO, que há oito meses está no comando da empresa.
No momento, a HP passa por uma reestruturação, a fim de ganhar fôlego e recuperar o terrreno no mercado, especialmente no segmento de PCs, no qual vem enfrentando dificuldades para competir e crescer. Durante divulgação do balanço fiscal da empresa, na semana passada, Meg confirmou o corte de 27 mil funcionários em todo o mundo, visando economizar até US$ 3,5 bilhões. A fabricante registrou queda de 31% no lucro do segundo trimestre fiscal, cujo término foi em 30 de abril, e declínio de 3% na receita.
Mercado brasileiro
Na área de software, a HP está em busca de parceiros para o desenvolvimento de soluções integradas no Brasil. "No ultimo trimestre, nossa área cresceu 22% mundialmente e o Brasil foi um destaque acima da média", diz Silvio Maemura, diretor de software e soluções da HP Brasil. Ele esclarece que a intenção não é desenvolver aplicações, mas permitir que clientes criem soluções com as ferramentas oferecidas pela companhia.
O executivo explica que o país representa um mercado com enorme potencial em software para a HP, especialmente pela falta de mão de obra qualificada nos desenvolvedores. "Grande parte dos erros e áreas críticas de software acontecem no desenvolvimento. Como nossos principais lançamentos na estratégia de infraestrutura convergente são ferramentas de automatização de detecção e correção de erros, que atuam diretamente nisso, o mercado brasileiro acena com um horizonte de crescimento para a HP", conclui Maemura.
Na área de infraestrutura, a aposta da HP está no centro de pesquisa e desenvolvimento no Rio Grande do Sul. "No Brasil, mantemos mais de 200 pesquisadores para desenvolvimento de soluções de armazenamento, além de impressão e outras áreas correlacionadas, para o mundo todo", ressalta o diretor de vendas da unidade de servidores da HP Brasil, Carlos Toledo. Em ambas as áreas, o país mantém crescimento acima da média mundial, diz ele.
*A jornalista viajou a Las Vegas a convite da empresa.