Foco concentrado no mercado doméstico, pequena atuação no exterior, predomínio de profissionais técnicos no quadro total de funcionários. Essas são algumas das principais características das 50 maiores empresas brasileiras de software, de acordo com estudo realizado pela MBI, em parceria com a Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet de São Paulo (Assespro-SP) e o Instituto de Tecnologia de Software (ITS).
A pesquisa procurou saber desde os bancos de dados mais utilizados até as perspectivas de crescimento para este ano. Segundo o levantamento, apenas 26% das maiores empresas brasileiras de software mantêm alguma atividade de exportação. A grande maioria, 72% dos entrevistados, atua exclusivamente no mercado doméstico. ?Há três anos, apenas 3% a 4% das empresas vendiam software para outros países?, destacou Roberto Carlos Mayer, presidente da Assespro-SP e diretor da MBI.
No que se refere ao destino das exportações brasileiras, o grande destaque é a presença dos países ibero-americanos. A Argentina é principal destino, com 20% das exportações de software. Apenas 6% vendem para os Estados Unidos, 2% para a Rússia e 2% para Angola.
Em relação aos 17,5 mil profissionais que atuam hoje nas empresas brasileiras de software, a pesquisa releva que 90% do total estão alocados na área técnica. A área de desenvolvimento concentra 65% dos profissionais, seguida pela de suporte técnico, com 25%. Entre as empresas pesquisas, 36% possuem de 25 a 100 funcionários; 36% de 110 a 250 funcionários; 18% de 300 a 600 funcionários e apenas 6% possuem mais de 750 profissionais.
Outro dado importante diz respeito aos bancos de dados utilizados pelas empresas. Quando questionadas sobre quais sistemas gerenciadores de bancos de dados o software desenvolvido pela empresa possui suporte, o destaque foi a presença do Oracle 9i (ou versão anterior), citado por 68% das empresas. O SQL 2000 ficou em segundo lugar no ranking, com 62%, seguido pelo Oracle 10g, com 54%.
Entre as linguagens de programação utilizadas, Java lidera o ranking, presente em 46% das empresas. ?Até o Clipper apareceu na nossa pesquisa, sendo utilizado por 10% das empresas?, destaca Mayer. O sistema operacional de maior destaque foi o Windows, com 90%, seguido pelo Linux (8%) e os de mainframe (2%). Quando questionadas sobre o sistema operacional das estações, as empresas relevam que 74% utilizam o Windows, 18% utilizam Linux 8% Unix.
Segundo a pesquisa, para escolher a plataforma, as empresas consideram principalmente as tendências do mercado. A facilidade de uso e produtividade da equipe ficam em segundo lugar, seguidos pelo custo da mão-de-obra e a segurança da plataforma. Além da diretoria, que exerce maior influencia nesse processo de decisão, os arquitetos de software e a equipe de desenvolvimento também tem poder de persuasão. A área comercial, por sua vez, é a menos influente nesse processo.
Entre as revelações do estudo, um dos destaques é a participação da venda de software como produto. De acordo com a pesquisa, na maioria das empresas, a participação da comercialização do software como produto nas vendas totais ainda é baixa. Do total pesquisado, 38% afirmaram que a venda exclusiva do software representa 90% das vendas totais. Por outro lado, a manutenção do software é responsável por grande parte do faturamento na maioria das empresas. Segundo a pesquisa, em 68% delas a manutenção representa mais de 37,5% do faturamento. Do total pesquisado, 14% informaram ter na manutenção entre 87,5% e 100% do faturamento total.
A pesquisa revelou ainda que 14% das empresas registraram crescimento de 25% a 50% no faturamento em 2006 quando comparado ao ano anterior. Outros 24% afirmaram ter crescimento entre 10% e 25% no mesmo intervalo. ?Por outro lado, tivemos 6% das empresas que admitiram ter registrado queda no faturamento entre 10% a 25%?, ressalta Mayer.
As expectativas para este ano são positivas. Entre o total pesquisado, 26% esperam crescimento entre 25% e 50% no faturamento. Outros 28% prevêem aumento entre 10% a 25%, e 6% estimam expansão entre 5% e 10%. ?Apenas uma empresa consultada estima queda de 10% a 25% no faturamento neste ano?, revela Mayer.