Como o Wi-Fi 6 deve mudar as redes corporativas

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Uma tecnologia quatro vezes mais rápida do que o Wi-Fi 5, mais econômica, com maior capacidade, melhor desempenho, eficiência e menor consumo de energia: essas são algumas das principais características do Wi-Fi 6, que implementa o padrão IEEE 802.11ax e incorpora uma série de inovações em relação a gerações anteriores de rede sem fio.  O programa de certificação Wi-Fi 6 foi oficializado em setembro de 2019 pela Wi-Fi Alliance e introduziu uma série de avanços em comparação com o Wi-Fi 5. Entre os avanços destaco a especificação de uso para as faixas de frequência de 2.4 GHz e 5 GHz.  E poucos meses depois a Wi-Fi Alliance anunciou uma segunda onda de evolução desse padrão, o Wi-Fi 6E, com a introdução de uma nova banda de operação na faixa de 6 GHz.

De maneira geral, o padrão Wi-Fi 6 traz uma série de vantagens:

Mais velocidade – O desempenho de rede é até quatro vezes mais rápido do que o Wi-Fi 5, que utiliza o padrão 802.11ac. Com o uso da modulação 1024 QAM e MU-MIMO com até oito fluxos, o Wi-Fi 6 permite velocidade teórica de até 9.6 Gbps em canais de 160 MHz.

Maior capacidade — O MU-MIMO pode ser usado em ambas as direções, ou seja, também no sentido de comunicação de clientes para o ponto de acesso e com suporte de até 8 clientes simultâneos, enquanto o OFDMA, uma técnica utilizada amplamente em redes LTE, permite que mais usuários se comuniquem de forma simultânea em seus próprios "subcanais" proporcionando maior eficiência na rede.

Maior resiliência – O Wi-Fi 6 foi construído para reduzir a interferência gerada por outras redes wireless ao trabalhar mais com agendamento do que com a contenção, graças a uma técnica chamada BSS Coloring, pela qual os dispositivos podem ajustar automaticamente parâmetros como potência de transmissão e sensibilidade de recepção para coexistir no mesmo canal e tornar o espectro ainda mais eficiente. Também melhora o desempenho em conexões externas ao reduzir o impacto por reflexões tardias com símbolos OFDM de maior duração.

Menor consumo de energia – Com o crescimento da Internet das Coisas (IoT), o gasto de energia se tornou uma preocupação crucial. O Wi-Fi 6 incorpora uma técnica chamada Target Wake Time (TWT), pela qual os dispositivos podem agendar os períodos de comunicação e ficar em standby, com baixo consumo nesse período de espera.

Vivemos um momento sem precedentes nesse segmento de alta tecnologia, em que Wi-Fi 6, IoT, Machine Learning e Inteligência Artificial alteram a face das redes como as conhecemos. Ser uma tecnologia mais amigável para o IoT está no coração do padrão Wi-Fi 6 e diversos novos dispositivos conectados se beneficiarão. O Wi-Fi é a tecnologia mais universal, porém, era inviável para diversos tipos de dispositivos por seu consumo de energia maior quando comparado a outras tecnologias (ex: Bluetooth). Com o Wi-Fi 6 se inicia um novo capítulo para o crescimento e universalização da IoT. A maioria dos projetos empresariais de IoT no mundo está relacionada às verticais de indústria e cidades inteligentes, porém outras verticais vêm ganhando cada vez mais espaço e o Wi-Fi 6 acelerará ainda mais este movimento.

A tecnologia wireless é utilizada por uma imensa variedade de dispositivos, nos mais diferentes espaços. Porém, por ter um espectro não licenciado e finito, seu desempenho piora na medida em que aumenta o número de usuários. Como essa compatibilidade reduz o desempenho da rede como um todo, os espaços definidos nas faixas de 2,4 GHz e 5 GHz ficaram muito restritos. Com a introdução da faixa de operação em 6 GHz, abre-se um novo espaço para que mais dispositivos se comuniquem

Nos Estados Unidos, a Federal Communications Commission (FCC) liberou 1.200 MHz para a faixa de frequência alocada em 6 GHz, a maior abertura de espectro desde 1989. De forma análoga aqui no Brasil, a Anatel publicou acréscimos ao regulamento de equipamentos de radiação restrita. Vale lembrar que a faixa de frequência de 6 GHz no Brasil estava alocada para uso em outras aplicações, como TV e satélite. Com a ?resolução nº 726, a agência seguiu o posicionamento da FCC e confirmou a liberação da faixa de frequência de 5.925 a 7.125 GHz (1.200 MHz de largura) para radiação restrita.

Mas para que os pontos de acesso possam levar todo o potencial do Wi-Fi 6E aos dispositivos (a expectativa é de que os primeiros produtos relacionados sejam anunciados até o final do ano, com o maior movimento em 2021) será necessário que a infraestrutura de redes esteja pronta para dar vazão a esta demanda. Assim, é fundamental para as empresas que pretendem implementar Wi-Fi 6 ou Wi-Fi 6E em um futuro próximo que revejam sua infraestrutura de LAN. Os pontos de acesso Wi-Fi 6 de melhor desempenho possuem portas Ethernet multi-gigabit (2,5 Gbps ou 5 Gbps) e podem demandar mais energia utilizando o novo padrão de PoE – IEEE 802.3bt.

Para isso é imprescindível que os switches LAN utilizados para conectar estes pontos de acesso suportem as velocidades multi-gigabit e alimentação compatível com a demanda destes pontos de acesso de maior capacidade. De forma semelhante, é importante que a infraestrutura de cabeamento seja revista e padronizada ao menos com CAT6A para dar vazão a estas velocidades e capacidade de alimentação. Assim, a introdução do Wi-Fi 6 gera a demanda por uma revisão completa da infraestrutura de redes LAN. Caso contrário, as empresas que adotarem essa tecnologia num futuro próximo não poderão tirar proveito de todos os seus benefícios.

Gustavo Barros, gerente de soluções de Enterprise RUCKUS na CommScope

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