Terrorismo é 'cortina de fumaça' para espionagem americana, diz jornalista

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O colunista do jornal britânico The Guardian, Glenn Greenwald, que revelou o esquema de espionagem norte-americana sobre as comunicações em todo o mundo, inclusive no Brasil, esteve nesta terça, 6, em audiência pública conjunta das Comissões de Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Segundo ele, o governo dos Estados Unidos monitora comunicações eletrônicas dentro e fora do país, com a justificativa de combater o terrorismo e garantir a segurança nacional, mas na realidade o objetivo seria obter informações privilegiadas sobre acordos econômicos, estratégias políticas e competitividade industrial de outros países.

Para Greenwald, um Estado que pode saber tudo o que as outras nações estão falando e fazendo torna-se "muito poderoso". Um exemplo desse tipo de ação dos EUA foi a publicada no fim de semana pela revista Época, em que um documento, divulgado por Greenwald, revela como os EUA espionaram oito países, entre eles o Brasil, para conseguir aprovar no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sanções contra o Irã, em 2010. A reportagem traz uma carta da embaixada americana no Brasil comemorando a vantagem que a espionagem trouxe ao EUA nas negociações do caso

Greenwald disse aos parlamentares que é verdade quando o governo americano diz que o volume de informações coletadas é tratado apenas como "metadados" – quando se monitora quem falou com quem, por qual meio, quanto tempo e em que lugar, mas não se viola o conteúdo da conversa. O jornalista explicou que, mensalmente, milhões de comunicações são monitoradas e, de forma geral, são somente metadados de fato.

Só isso, alertou, já representaria uma enorme invasão de privacidade, uma vez que, ao saber com quem uma pessoa fala, por qual meio, por quanto tempo e com quem as pessoas com quem ela falou falam em seguida já seria possível reunir bastantes informações sobre sua vida (ocupação, posições políticas, etc). No entanto, quando alguma dessas comunicações desperta o interesse do Estado, os EUA têm instrumentos para identificar, tendo apenas o endereço eletrônico ou o IP da pessoa, além dos emails trocados, quais sites ela visitou, quais documentos acessou, o que pesquisou no Google, entre outras dezenas de coisas.

"Esse sistema é muito mais poderoso do que as pessoas imaginam. E é muito fácil de usar, o que é assustador – reconheceu o jornalista, informando que cerca de 70 mil pessoas, entre empregados diretos e terceirizados, prestam serviço à agência de segurança americana, sendo que, uma porção dessas pessoas, que ele não sabe contabilizar, tem acesso ao sistema de espionagem".

Missão

Esta semana, uma delegação brasileira composta por representantes da Defesa, Itamaraty, Presidência e Comunicações vai a Washington a convite do governo norte-americano. Pela área de telecomunicações integram a delegação do conselheiro da Anatel Marcelo Bechara e o secretário de teçlecomunicações do Minicom, Maximiliano Martinhão.

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