O pacote de aplicativos para escritório Office (que inclui o Word, Excel e o PowerPoint, lançado em 1990) respondeu por cerca de um terço da receita da Microsoft no último ano fiscal — cerca de US$ 26 bilhões, de uma receita total de US$ 87 bilhões. Segundo algumas estimativas, o software foi responsável também por uma parcela ainda maior do lucro bruto da empresa.
Mas nos últimos anos, a Microsoft viu as vendas do pacote retraírem e sua liderança no mercado ficar ameaçada. Em razão disso, decidiu rever a estratégia para o produto e anunciou nesta quinta-feira, 6, que vai lançar uma versão móvel grátis do software para operar com iPads e iPhones da Apple e tablets equipados com o sistema operacional Android, do Google. O novo pacote móvel, para o qual foi desenvolvida tanto uma interface adequada à tela sensível ao toque como alguns recursos específicos para tablets, inclui muitos (embora não todos) recursos encontrados no Office para Windows.
O anúncio é mais uma tentativa da Microsoft de se consolidar no mercado de computação móvel e, também, em nuvem, para onde o centro de gravidade na indústria de tecnologia tem rapidamente se deslocado. Companhias como a Apple e o Google e muitas das mais bem-sucedidas novas empresas já oferecem software livre para dispositivos móveis, muitas vezes com vantagens premium para venda.
A necessidade de mudança no modelo de comercialização do Office ficou mais evidente no ano passado. Embora as vendas do software para empresas tenha aumentado cerca de 8% em 2013, a receita com vendas ao consumidor subiu apenas 2%, além de um recuo de dois dígitos percentuais nos dois primeiros trimestres deste ano.
“Gostaríamos de aumentar drasticamente o número de pessoas que usam Office”, disse John Case, vice-presidente corporativo de marketing do Office na Microsoft, ao The New York Times. “Trata-se de alargar o funil.”
O pacote de escritório já vinha sofrendo nos últimos anos com a retração mundial nas vendas de PCs, que passaram a ser substituídos por tablets e smartphones. Durante anos, o Office ficou sem uma versão para dispositivos móveis e muitos consumidores começaram a se perguntar se realmente precisavam do software para suas tarefas diárias. Em razão disso, muitos que precisavam de aplicativos de produtividade buscaram alternativas gratuitas ou mais baratas como o Google Apps e o Evernote.
Nos últimos trimestres, porém, a perspectiva para o aplicativo da Microsoft tem melhorado com o crescimento do Office 365, uma versão na nuvem do produto, que inclui aplicativos constantemente atualizados, ilimitada capacidade de armazenamento de arquivos e chamadas de voz gratuitas pelo Skype. Os usuários pagam de US$ 7 a US$ 10 por mês para usar o serviço, em vez de comprar uma cópia do Office para cerca de US$ 150.
A Microsoft diz que tem mais de 7 milhões de consumidores assinam o Office 365 e que houve mais de 40 milhões de downloads dos aplicativos do pacote para iPad. No seu último balanço trimestral, encerrado em 30 de setembro, a empresa disse que a receita com a venda do software para o consumidor cresceu 7%.
De acordo com analistas ouvidos pelo jornal americano, ao desenvolver uma versão integral do Office disponível gratuitamente no celular, a Microsoft está apostando que mais pessoas podem começar a usar o software, sem roubar vendas das versões para PC e Mac do produto, com as quais ainda faz caminhões de dinheiro.
É incrível como milhares de pessoas/empresas/órgãos públicos continuam pagando pelo MS Office, enquanto o LibreOffice é gratuito, livre e resolve completamente todos os mesmos problemas. Uso intensivamente há mais de 10 anos no Windows e Mac e nunca senti falta do pacote da Microsoft.