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Entendendo a Economia dos Dados

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O tema de “Big Data” já deixou de ser o assunto da moda na área de tecnologia há algum tempo, tendo sido suplantado por temas mais novos, como a inteligência artificial, o RPA (robotic process automation) e a transformação digital. No entanto, apesar de não estar mais no centro das atenções, tanto as tecnologias quanto os dados em si continuam sendo o ponto mais importante das mudanças e inovações que estamos vendo acontecer no universo da tecnologia.

Sem dados, não existe inteligência artificial. Os melhores algoritmos de I.A. de hoje, para qualquer tipo de aplicação, só existem devido ao gigantesco volume de dados que temos disponível para utilização. Sem dados, não temos um GPT-3 capaz de criar textos que são confundidos com os escritos por uma pessoa, nem um Watson, capaz de diagnosticar doenças a partir de imagens de maneira mais eficaz do que médicos experientes. E não é só a I.A. que depende dos dados. A origem da área de RPA vem justamente do conceito de automatizar os fluxos de trabalho com a informação, fazendo com que ela flua de maneira mais efetiva dentro da empresa, gerando mais valor e requerendo menos trabalho manual. E o mesmo vale para a transformação digital. Não existe digitalização de processos sem a integração de fontes de dados que substituam trabalhos feitos à mão.

A centralidade e a relevância dos dados para as empresas dá origem à chamada “economia dos dados”. E este não é só um termo qualquer: o Fórum Econômico Mundial estima que essa economia já ultrapassou os US $3 trilhões, e ela deve continuar a crescer exponencialmente pelos próximos anos e décadas. Mesmo com esse tamanho, para uma boa parte das empresas e dos líderes de negócios falar sobre essa economia, ou sobre a monetização dos dados, ainda traz um certo preconceito. Muitas pessoas ainda acreditam que “monetizar os dados” significa vender informações sobre os clientes, em um modelo de negócios similar ao que o Google, Facebook e outras plataformas de mídia digital praticam. A frase que vem à mente é “se você não está pagando por um produto, então, você é o produto”.

Portanto, esta é uma visão extremamente limitada da economia dos dados, que precisamos mudar com urgência. A monetização dos dados não é a venda dos dados dos seus clientes, mas sim a aplicação dos dados – sejam eles dos seus clientes ou da própria operação – de forma a gerar mais valor para as empresas. Um dos exemplos mais emblemáticos deste pensamento no processo de monetização é o seriado “Stranger Things”, da Netflix. A série foi construída utilizando em grande parte a análise de dados para identificar os temas, a estética, o ambiente e outros elementos relevantes que eram mais vistos por assinantes. Assim, a Netflix monetizou seus dados operacionais (o que as pessoas assistem, que cenas elas repetem, que temas elas gostam), transformando os mesmos em um seriado de sucesso, sem, em momento algum, olhar para informações pessoais ou comercializar esses dados para terceiros.

As maiores empresas do mercado já têm essa visão há bastante tempo. Se analisarmos grandes aquisições do mercado de tecnologia ao longo do tempo pensando na economia dos dados, fica bem mais fácil entender a motivação por trás de certas transações. Quando o Google adquiriu o Waze, por exemplo, estava comprando, na verdade, uma base de dados de ruas e estradas mais atualizada do que qualquer mapa oficial. Já quando a Microsoft comprou o LinkedIn, estava comprando dados que permitissem entender os requisitos de conhecimento e experiência de diferentes posições de trabalho, possibilitando a oferta de cursos personalizados. E, por fim, a compra do GitHub trouxe os dados utilizados no treinamento do CoPilot, a recém-lançada inteligência artificial voltada para a programação e escrita de código-fonte.

Logo, o valor das empresas está cada vez mais associado com as informações que possuem, sejam elas sobre seus usuários (como no caso do LinkedIn), ou dados únicos que são gerados a partir de sua operação (como no caso do GitHub e do Waze). Esses dados valem mais do que qualquer tecnologia proprietária ou propriedade intelectual e mais do que qualquer ativo físico que uma empresa possa ter, porque eles possibilitam um número quase sem fim de aplicações e serviços que podem ser desenvolvidos.

Quando falamos de monetização de dados, portanto, não estamos necessariamente falando da venda de informações para terceiros, mas sim do desenvolvimento de projetos e iniciativas que gerem valor para as empresas a partir dos dados que possuem. O Brasil, enquanto país, tem uma das melhores infraestruturas de dados do mundo, e as empresas nacionais têm uma grande competência no trabalho com informação. Precisamos vencer os tabus relacionados aos dados para que o país ocupe o devido lugar de destaque nessa nova economia.

Thoran Rodrigues, Fundador e CEO da BigDataCorp.

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