A Diretoria de Intendência (Dirint) da Força Áerea Brasileira (FAB) inaugurou o primeiro armazém automatizado do Brasil, que combina automação industrial com identificação de produtos através de etiquetas de radiofreqüência, localizado no Campo de Marte, em São Paulo. A necessidade de um projeto de automatização ocorreu em razão do aumento expressivo dos itens vendidos. Em 2007, as vendas eram de 120 mil itens por ano. Já em 2010, foram comercializados mais de 220 mil itens.
“Com a automatização, nosso objetivo principal foi diminuir o tempo de espera para a reposição dos uniformes reembolsáveis (destinados para venda)”, diz o Capitão Intendente Robson Teles Peixoto, assessor de tecnologia da informação do Dirint. “Antigamente, a partir de uma solicitação, supríamos de forma manual o material necessário às vendas nas 28 lojas de fardamento. Agora temos um ciclo de suprimento com determinação de necessidades automatizada para atender às demandas com muito menos tempo de operação e com maior acerto nas movimentações”, explica.
No projeto de automatização foram investidos R$ 2,3 milhões. A empresa Cassioli foi vencedora de um processo licitatório na modalidade pregão eletrônico. Dessa forma, a Cassioli tornou-se responsável pela construção do projeto, que contemplava o desenvolvimento de um transelevador que realiza a movimentação das caixas onde ficam estocados os produtos, a implantação de esteiras automatizadas que conduzem as unidades de armazenamento até os operadores e aos túneis de leitura de etiquetas de radiofreqüência, que realiza a checagem eletrônica da quantidade e tipo de material antes de armazenar em uma das cinco mil localizações existentes.
“Fornecer equipamentos para uma empresa da área de defesa, cumprindo todas as exigências jurídicas e fiscais de administração pública, nos qualifica como uma empresa idônea. É uma honra fazer parte da primeira instalação da FAB de um armazém automático com transelevador mini-loader e com sistema de controle por RFID, integrado com o software de gestão do cliente”, ressalta Marcos Antonio Costa, gerente comercial da Cassioli.
A Cassioli montou a estrutura metálica para disponibilização das caixas de armazenamento com o apoio da Bertolini..
O sistema
A evolução das vendas, que têm aumentado em progressão geométrica desde 2007, dobrando a cada quatro anos, provocou um gargalo logístico, impactando diretamente no armazenamento, separação, expedição e recebimento nas lojas.
No total, o armazém conta com 30 mil metros cúbicos de armazenagem. Foram automatizados 7 mil metros cúbicos, com capacidade para cinco mil caixas. “Concebeu-se uma estrutura para comportar o sistema automatizado e um dispositivo robótico sobre trilhos (transelevador), que acessa as caixas e as traz até a área de picking e refilling”, comenta o Cap. Robson Teles Peixoto.
Integrado também com esse projeto foi desenvolvido uma solução para a identificação dos produtos através da etiqueta eletrônica. O sistema de padronização utilizado é o GS1. Assim, ocorreu a junção da automação logística com o rastreamento e controle dos produtos por meio de RFID.
Para o Brig. Int. Eurico Jorge de Lima, Subdiretor de Abastecimento, esse projeto é um marco na logística de apoio de pessoal do Comando da Aeronáutica e uma referência na área de gestão de bens, servindo de modelos para novas implantações na Força Aérea Brasileira.
Todo o investimento permitirá diminuir o ciclo logístico. Antes, para se separar o material e enviar até as lojas, demorava-se até quatro meses. Com a automatização, o tempo de separação poderá ser efetuado em 15 dias, aumentando a eficiência e diminuindo os erros. “Com a automatização do armazém conseguimos agilizar em mais de 100% o processo”, completa o Cap. Robson. Diariamente, o sistema pode movimentar até 500 caixas de armazenamento.
“Em breve, pretendemos evoluir para a próxima fase, onde os militares que trabalham nas lojas poderão receber volumes de expedição realizando a conferência eletrônica através de computadores de mão (PDA). A venda também será realizada através da identificação do número de série de cada produto utilizando um leitor RFID conectado aos terminais de venda. A implantação do projeto de automação também permite dar prosseguimento a idealização do e-commerce. Já estamos com um estudo para catalogação visual dos produtos e especificação do software da interface da loja eletrônica”, finaliza o Capitão.