A crise e a potencial aceleração da Inteligência Artificial na área da saúde

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Entre outras características da atual crise, registra-se o protagonismo do ambiente digital em diversos setores, incluindo a área médica. Transformações que vem se arrastando já por alguns anos, foram implementadas e bem sucedidas em tempo recorde, quebrando paradigmas e comprovando que a tecnologia é uma aliada da medicina e que invariavelmente veio para ficar. Aproveitando as mentes e ouvidos abertos, gostaria de discorrer um pouco sobre a realidade médica e aplicação da inteligência artificial.   

Imagine a rotina de um médico oncologista: diariamente, ele analisa dezenas, senão centenas de exames suspeitos de neoplasia maligna e precisa identificá-los e ordená-los levando em consideração a gravidade dos casos. Só que a rotina deste profissional não se resume a isso: ele também precisa visitar seus pacientes, clinicar, operar, conversar e orientar os recém-chegados. Neste contexto, fica clara a excessiva carga de trabalho a que o médico fica exposto, o que nos leva a uma segunda conclusão: ele precisa de ajuda para realizar o seu trabalho com excelência, afinal, estamos falando de vidas e erros não são uma opção. 

É exatamente aqui que entra a tecnologia, mais especificamente a inteligência artificial. A IA é utilizada em diversos segmentos do setor da saúde, mas a sua utilização mais massiva e consistente se concentra no diagnóstico por imagem. Atualmente, esse processo de diagnóstico é realizado de forma manual: o próprio médico analisa caso a caso e os organiza por ordem de gravidade. Vale ressaltar ainda que, uma vez que o médico identifique algum caso potencialmente maligno, ele naturalmente vai exigir novos exames comprobatórios, o que encarece o custo do processo de diagnóstico e submete o paciente a uma zona de estresse. 

É exatamente aqui que entra a Inteligência Artificial. Atualmente, é possível que algoritmos analisem essas imagem com altíssimo grau de confiabilidade e organize para o médico quais os exames que merecem atenção especial, separando os que contém um risco maior, daqueles cuja neoplasia maligna é baixa ou nula. Os benefícios dessa aplicação da tecnologia de inteligência artificial nos exames de imagens abrangem todos os agentes envolvidos.

Os médicos ganham um parceiro eficiente e podem dedicar sua atenção e expertise aos pacientes e procedimentos que de fato merecem sua atenção. Os pacientes graves, por sua vez, ganham agilidade no tratamento e acompanhamento médico personalizado e assertivo. Os pacientes menos graves também se beneficiam, já que são poupados de um elevado grau de estresse que poderia inclusive colaborar para o desenvolvimento de outros problemas. 

Por fim, e não menos importante, a inteligência artificial desafoga o sistema como um todo. Na prática, isso significa que os custos são reduzidos, uma vez que há uma redução no volume de exames solicitados, mas especialmente há o direcionamentos dos equipamentos, profissionais e agenda para aqueles pacientes que realmente precisam de atendimento rápido. Não é exagero dizer que a Inteligência Artificial aplicada aos exames de imagens salva vidas.

O momento que vivemos exige reflexão. Trata-se de uma crise nunca vista e que certamente vai deixar marcas na sociedade no período de retomada. A boa notícia é que nem todas as consequências devem ser negativas. Temos uma série de exemplos de tecnologia aplicada no combate à COVID-19, com merecido destaque para a Telemedicina. Nós vamos vencer essa batalha, mas ainda há muitas outras patologias a serem vencidas. Que a aplicação da tecnologia e da inteligência artificial seja um legado alegre e positivo de tempos tão difíceis. 

Isabela Abreu,  CEO e fundadora da RedFox. É pós-graduada em Economia Internacional pela University of Paris I: Panthéon-Sorbonne e alumni do Stanford Bio Design em parceria com o Einstein.

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