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O que o Pokémon GO ensina sobre inovação?

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A febre do Pokémon GO sacudiu o mundo dos games – já foram mais de 500 milhões de downloads. De uma companhia de futuro incerto, a Nintendo voltou a ditar tendências, como nos áureos tempos do NES e do Game Boy. A empresa experimentou uma valorização de 70% em suas ações em apenas uma semana. Essa é uma demonstração da força da Economia dos Aplicativos.

O motor de toda essa mudança foi nada mais (ou nada menos, nos dias atuais) do que um aplicativo. Ideias, desenvolvimento, trabalho e tecnologia concretizados na forma de um app. Essa transformação por meio do digital afeta não só o mercado de jogos, mas cada setor da economia, no mundo todo. Se há uma corrida por games realísticos, com roteiro e trilha sonora de cinema e processos longos de criação, a Nintendo conquistou o coração dos usuários com um jogo de mecanismo e estética simples, acesso fácil – está no celular, ao alcance das mãos o dia todo – e com lançamento contínuo de atualizações.

Para os jedis que estavam em alguma galáxia muito muito distante nas últimas semanas, o objetivo geral do Pokémon GO é simples: capturar o máximo possível de Pokémons. O aplicativo do jogo usa a localização do jogador e vai escondendo Pokémons nas proximidades, estimulando os jogadores a procurá-los nos locais mais inusitados. Usando a câmera do seu celular como uma janela para esse ambiente virtual, você é capaz de assistir seu personagem andar na rua e se mover como se estivesse na vida real. Outros postos espalhados pelo ambiente real/virtual, chamados PokéStops e PokéGyms ajudam a turbinar as habilidades do seu personagem.

O jogo tem um alto potencial viciante – no mês de julho, ultrapassou, em número de horas gastas por seus usuários, redes sociais tão populares quanto o Twitter, Facebook e Snapchat. Levantamento do Sensor Tower no início de agosto indicava que, em média, jogadores de Pokémon GO gastavam mais de 26 minutos por dia no aplicativo.

Qual o segredo do Pokémon GO para se tornar um aplicativo de tão alta adoção em tão pouco tempo? Quais lições do processo de inovação da Nintendo podem ser replicados?

Plataforma pronta para a inovação

A empresa que desenvolveu o Pokémon GO, Niantic, já havia desenvolvido outro jogo bastante popular chamado Ingress. Diferentemente do Pokémon GO, o Ingress é um jogo elaborado e que desde 2012, vem tendo enorme sucesso na comunidade de gamers. Começaram então negociações com a Pokémon Company, para aliar a experiência adquirida no jogo Ingress a uma franquia tão consolidada como o Pokémon.

O diferencial da Niantic foi ter uma plataforma. Com o Ingress, eles criaram a tecnologia para suportar um jogo multiusuário, baseado em localização e com recursos de realidade aumentada. Ao longo dos anos, definiram os melhores locais físicos onde os usuários teriam de ir para avançar no jogo. Todo esse conhecimento serviu de base para desenvolver o Pokémon GO. Assim, bastou adaptar a plataforma do Ingress para a temática do Pokémon GO e lançar no mercado. Isso fez tamanha diferença que, da assinatura de contrato entre Niantic e Pokémon Company até a criação da versão beta do Pokémon GO, se passaram apenas seis meses.

Ter uma plataforma é um grande diferencial competitivo. Modelos de negócio podem ser criados com base nas estruturas já consolidadas dentro das organizações, da mesma maneira que peças de Lego são agrupadas para formar novas figuras.  Plataformas são construídas por meio do uso de APIs, que conectam informações e sistemas existentes com um novo mundo de inovação. Hoje, as APIs são os blocos de construção das organizações abertas e expansíveis.

Crie experiências que os usuários queiram

O Pokémon GO é um exemplo de rápida adoção e fidelização. Ele contém elementos que prendem a atenção dos usuários e fazem com que eles gastem cada vez mais horas jogando. A fácil usabilidade – basta se dirigir aos locais onde existem Pokémons para capturá-los – permite que uma audiência diversa se interesse.  Já o Ingress, como vimos, era um jogo elaborado e complexo que atinge uma parcela específica de gamers.

Isso demonstra que o design orientado ao usuário, constituído de funcionalidades que realmente o interessam, é fundamental para a adoção. A questão parece trivial, mas é uma das que mais atormentam os desenvolvedores de produtos digitais. Estima-se que, nos processos tradicionais de levantamento de necessidades, 80% das funcionalidades lançadas nunca são usadas pelos usuários.

Uma das principais tendências em desenvolvimento de produtos digitais é a definição e validação das reais necessidades dos clientes. Para saber o que eles realmente querem, não basta perguntar. É necessário descobrir – e usar o resultado dessas descobertas para expandir o produto gradativamente. Esse processo funciona como um mecanismo evolutivo, premiando as funcionalidades que tem maior aderência e eliminando aquelas que não tem. Nesse processo, muitas ideias serão experimentadas, e há de se aceitar que algumas delas não serão bem sucedidas. Uma mudança de pensamento será necessária aqui, já que as empresas não estão acostumadas a encarar o “insucesso” como uma forma de aprendizado. Além disto, recomenda-se começar com uma versão que possua o conjunto mínimo de funcionalidades que atendam às necessidades básicas do usuário. Assim, os feedbacks à empresa chegam mais rápido – e as melhorias ao usuário também.

Essa foi a abordagem usada no Pokémon GO. Ele foi lançado com o conjunto mínimo de funcionalidades para atrair a maior quantidade de jogadores possível. Foi pensado para ter uma interface simples, onde até os usuários com baixo nível de maturidade digital pudessem aprender a jogá-lo rapidamente.

Teste novas hipóteses

A partir da versão inicial do Pokémon GO, os desenvolvedores do produto passam a testar hipóteses. Uma delas é a introdução de campanhas de marketing. A ideia é permitir que empresas anunciantes paguem pela aparição de Pokémons em lugares estratégicos como shopping e outros estabelecimentos que veem no jogo a oportunidade de atrair consumidores.  Se esta hipótese se sustentar, de acordo com os feedbacks dos usuários, então valerá investir nela e aprimorá-la, caso contrário toma-se uma nova hipótese, e o processo de descoberta recomeça.

Esse é o princípio básico da mecânica de desenvolvimento de produtos moderna: entregue uma versão viável ao seu usuário e teste hipóteses constantemente. Invista nas que sejam promissoras de acordo com o feedback dos usuários e elimine as demais. Empresas inovadoras utilizam estas técnicas constantemente para validar o que mais interessa aos usuários, algumas delas vão além, entregando até duas versões do produto ao mercado, simultaneamente, para diferentes grupos de usuários. E é o feedback de cada grupo que decide em qual versão investir.

O sucesso do Pokémon GO deve-se à utilização de tendências modernas de desenvolvimento de produtos. Assim como a Nintendo, outras indústrias estão investindo para construir suas próprias plataformas. Um exemplo são os bancos, que abrem sistemas e informações para que fintechs construam novos serviços. Outro exemplo são as seguradoras que agora precisam prover cotações de seguro em tempo real para serviços como o Uber ou mesmo serviços de comparação como o Bidu. Em um cenário de franca consolidação da Economia dos Aplicativos, as empresas começam a revisar seu mecanismo de desenvolvimento de produtos tornando-o mais orientado ao usuário e incremental, o que envolve cultura, processos e até as tecnologias que são adotadas para criar inovação. Revisar esses pilares é fundamental para uma organização ágil e inovadora. Em um mercado onde o primeiro a chegar leva a maior fatia, é fundamental inovar rápido, caso contrário não sobrará nenhum Pokémon para você!

Fernando Sousa, consultor de pré-vendas na CA Technologies.

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