Pesquisadores ajudam desvendar os mistérios do ?computador? mais antigo do mundo

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Pesquisadores da HP estão ajudando a desvendar novos segredos do dispositivo que pode ser o computador mais antigo do mundo. Trata-se do Mecanismo Anticitera, um dispositivo astronômico antigo construído pelos gregos em torno do ano 80 a.C. encontrado em um naufrágio fora da ilha grega de Anticitera por mergulhadores em busca de esponjas, em 1901. Acredita-se que tenha sido criado para controlar os ciclos da Lua e do Sol para fins de agricultura e religiosos, porém sua função precisa ? e a forma como funciona ? iludiu os estudiosos durante mais de um século.

Em setembro de 2005, integrantes do Projeto de Pesquisa Anticitera convidaram os cientistas pesquisadores dos Laboratórios HP (HP Labs), Tom Malzbender e Dan Gelb, a irem a Atenas a fim de utilizarem suas técnicas de geração de imagens de reflexão nas superfícies dianteira e posterior dos mais de 70 fragmentos que compõem o mecanismo, incluindo chapas e engrenagens metálicas, alguns dos quais estão inscritos com caracteres gregos desbotados.

A técnica envolve tirar fotos de um artefato a partir de um ponto fixo e 50 diferentes fontes de luz dispostas em um hemisfério sobre o objeto. Em seguida, o programa de computador dos pesquisadores reúne as imagens, permitindo que um arqueólogo mude o ângulo de luz ou textura da superfície do objeto para que as marcações esmaecidas apareçam mais vivas. ?Um dos benefícios da geração de imagens de reflexão é que se pode mudar a qualidade da superfície de um objeto, por exemplo, fazendo com que superfícies embaçadas brilhem, como a obsidiana?, disse Gelb, cientista e pesquisador sênior dos HP Labs. ?Assim, as marcações esmaecidas nesses artefatos antigos se tornam mais visíveis e isso ajuda os estudiosos a determinar o seu significado.?

Ao capturar as imagens digitalmente, a técnica também permite que os estudiosos em todo o mundo estudem os objetos raros e delicados sem ter que viajar para onde eles estão guardados ou manuseá-los. Algumas das imagens de reflexão, descritas tecnicamente como mapas de textura polinomial, se encontram disponíveis em www.hpl.hp.com/research/ptm/antikythera_mechanism/index.html.

Os resultados do trabalho de Malzbender e Gelb, em colaboração com pesquisadores do Reino Unido e da Grécia, foram publicados nesta sexta-feira (8/12) na revista Nature, sob o título ?Decoding the ancient Greek astronomical calculator known as the Antikythera Mechanism? (Decodificando a antiga calculadora astronômica grega conhecida como Mecanismo Anticitera). Outros pesquisadores usaram a tomografia computadorizada para sondar as profundidades do dispositivo.

A nova pesquisa explica como as engrenagens funcionam e identificam duas vezes mais marcações no dispositivo em relação às detectadas anteriormente. ?O Mecanismo Anticitera é o único dispositivo tecnológico do mundo antigo e o computador ou calculadora mais antigo conhecido pelo homem?, afirmou Malzbender. ?Nada igual a ele apareceu até a Renascença, quando os relógios surgiram pela primeira vez.?

Essa não é a primeira vez que o trabalho dos pesquisadores dos HP Labs foi usado para finalidades arqueológicas. Em 2000, Malzbender disponibilizou os recursos da tecnologia para capturar tábuas sumérias desbotadas para pesquisadores em Yale e da Universidade de Southern na Califórnia. Foi esse trabalho que atraiu a atenção do projeto Anticitera.

A tecnologia foi originalmente desenvolvida não para a arqueologia, mas como um método para aprimorar o realismo fotográfico e gerar eficiência em imagens gráficas em 3D. Ela também poderia ser usada em perícia criminal, detectando características distintas em impressões digitais ou de marcas de pneu, por exemplo. A tecnologia também tem possíveis usos comerciais para a HP, porém muitas das técnicas ficaram disponíveis para o mundo científico para fins acadêmicos.

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