Os dados, catalisadores da sociedade e a economia de amanhã

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Se o carvão já foi um dia o combustível que ajudou a catalisar a mudança para uma sociedade baseada na indústria, os dados serão (e são) aqueles que vão permitir a evolução de uma sociedade baseada em conhecimento e uma economia em torno das grandes quantidades de informação que já circulam em nosso dia a dia. Na verdade, se tomarmos em conta, a revolução digital fez com que as informações e os dados sejam gerados e consumidos com maior velocidade.

É um fato que há anos são produzidos movimentos em todos os setores (nas cidades, no setor de energia, no setor de automação, no setor doméstico) que tentam converter os dados em informação de valor. Portanto, até recentemente, não se tem obtido avanços realmente significativos, muito menos exponencial, como os analistas previam.

Mas, agora a possibilidade de que estas fontes de dados estejam facilitando de forma diversificada o último impulso? Estes dados podem ser provenientes de fontes heterogêneas. Por um lado, há um cidadão que, consciente ou inconscientemente, transmite informações em base a um comportamento ou boa base comum. Um exemplo de sucesso é o aplicativo Waze: um GPS social com base em rotas na captação de dados de várias fontes, principalmente na própria comunidade de usuários.

Além disso, mesmo que seja o mais importante, a Internet das coisas (Internet of Things) e cada vez mais uma grande quantidade de dispositivos capazes de receber e, acima de tudo, emitir dados continuamente. De fato, até 2014 já tem quatorze bilhões de dispositivos conectados e as previsões apontam que nos próximos anos, um aumento significativo do grau de "sensoriamento" e monitoramento do "mundo analógico" em 2020 é estimado em cinquenta bilhões de dispositivos conectados¹.

Infelizmente, apesar de ser atual por motivos recentes, acontecimentos e escândalos, foi colocado foco nos aspectos negativos subjacentes a esta riqueza de informações, assim como as questões relacionadas a privacidade e anonimato.

No entanto, utiliza-se todo potencial nos aspectos positivos, pode-se chegar a melhora da grande medida dos níveis de qualidade de vida da sociedade como aplicações que permitem identificar riscos para a saúde incluso antes que se produza uma ameaça em base a padrões jamais antes interpretados porque os dados associados simplesmente não existiam ou não podiam tê-los em tempo real (monitoramento de sinais vitais de crianças com problemas cardíacos). Esta melhora de qualidade de vida das pessoas também está nos sistemas que detectam o que foi produzido o acidente cruzando dados de fontes tão diversas como o mapa da cidade e os dados dos velocímetros dos smartphones (aplicação móvel); ou em celulares que enviam reports aos responsáveis pela administração de estradas quando detectam uma colisão na calçada graças à interpretação de variações bruscas de altitude, etc.

Mas, além de casos específicos, o desafio é como converter esse valor elevado e crescimento exponencial da informação, não apenas acumular por acumular, se não é capaz de colocar dados ditos em valor. Este é um desafio bastante tecnológico, que cada vez é mais fácil de guardar, graças ao poder do processamento na nuvem, as redes de comunicação cada vez mais rápidas, novos algoritmos de processamento de dados não diretamente extrapolados (obter informações da imagem processada ou vídeo e fazê-lo em tempo real) ou ferramentas BigData capazes de explorar.

Outro caso de maior interesse para o pedestre é como estes dados, já convertidos em informação, são utilizados para prover serviços mais inteligentes e mais personalizados ou, ainda mais importante, pode ser usado para criar novos serviços.

Tanto o Setor Público como muitas empresas já começaram a trabalhar sob este novo paradigma, desde as grandes como as de telecomunicações até pequenas e médias empresas. Além de empreendedores que veem nos dados uma oportunidade de desenvolver novos modelos de negócios sem muito investimento. Por exemplo, pode-se oferecer ao turista, a partir de seus hábitos de compra e através de seu celular, descontos nos comércios próximos e de seu interesse no momento certo, esta ideia tem-se tentado implementar por parte das startups em distribuídas em todo mundo.

Desta mesma forma, as autoridades também tem entendido o desafio, apesar de motivada principalmente pela situação econômica atual assumir que tem que ser (ou ter transferido a responsabilidade) do setor privado na identificação de novos modelos de negócios. Finalmente, junto com os acadêmicos, que deve ser trazer ideias e inovação e criatividade necessária.

Neste aspecto, o principal inconveniente é como facilitar que este novo ecosistema floreça e desenvolva todo seu potencial, por muitos é considerado sob o termo de ''mundo Smart''. Como facilitar a criação de ideias, a inovação, a criatividade e o talento ao redor do ecossistema mencionado?

Não é uma pergunta simples, pois em alguns casos envolve dados de diferentes fontes e geralmente por histórico tem estado isoladas em locais de armanezamento. Por exemplo, a declaração de Barack Obama em potencializar o Governo Aberto, os dados das autoridades estavam totalmente isolados da sociedade. O mesmo passa no setor privado, ainda que cada vez estão se dando conta que devem ceder em parte neste aspecto se querem colher frutos deste ecossistema. De fato, personalidades tão diversas como do mundo acadêmico, o setor privado e público agora terão que compartilhar dados. Portanto, pode-se dizer que os dados e as informações não são apenas combustíveis para uma sociedade baseada no conhecimento se não, que sendo mais ambiciosos, é para uma economia do conhecimento.

Qualquer economista lhe diria que a economia, e em definitiva, a criação de valor, se reduzem em boa medida ao ótimo gerenciamento da informação.

Pois bem, no ''mundo Smart'' eleva à enésima potência esta afirmação. Este mundo se sustenta em dois pilares fundamentais: informação (bilhões de dispositivos conectados que compartilham informação além de outras fontes heterogêneas de informação) e os sistemas e processos adequados que permitem tomar decisões ágeis em base a esta informação. Portanto, usamos mais informações do que nunca e a gerenciaremos melhor do que nunca.

Evidentemente estas ideias têm aplicação em qualquer âmbito, mas se falamos do meio urbano e mais concretamente do conceito de Cidades Inteligentes, toma especial relevância. Uma expressão recentemente usada, mas vigente desde a fundação dos primeiros centros urbanos, é que a cidade é um sistema de sistemas. De fato, analisa-se desde um ponto de vista científico, trata-se de um sistema que gera grandes quantidades de dados.

Interpretá-los é a importância deste conceito, em geral é um desafio que começa a dar seus primeiros resultados embaixo de um guarda-chuva batizado como a Cidade Inteligente ou Smart City. Neste âmbito os dados são utilizados para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, melhorar a qualidade da prestação de serviços, otimização e sustentabilidade – econômica, social e meio ambiental – dos mesmos.

Atualmente podem ser encontrados muitos exemplos relacionados com este âmbito. Por exemplo, sistemas de emergências que através dos dados e a inteligência que se lhes aplica são capazes de selecionar corretamente aqueles recursos a mobilizar; sistemas de tráfego que podem ser auto-gerenciáveis, redistribuindo o ônus de veículos para evitar atrasos; o empreendedor que publica um app que permite em base aos dados de criminalidade criação de rotas seguras para as crianças que vão caminhando para escola todos os dias.

No entanto, grande parte dos movimentos atuais baseou-se em aproximações piloto, orientadas a provar a tecnologia, ou com enfoques baseados unicamente em a obtenção de eficiências em determinados processos e baseando-se em fontes de dados isoladas. Os diferentes modelos de cidades inteligentes que existem atualmente estão, em grande parte, orientados à temática do setor ao que pertencem as principais empresas que lideram a iniciativa (eficiência energética, gerenciamento do tráfico, segurança, etc.). Conseguir romper estas barreiras, tanto em a cidade como em outros âmbitos, provocará a explosão definitiva de todo o potencial do novo catalisador.

Para além do meio urbano, podem ser encontrados outros exemplos, como notável o trabalho conjunto para tentar identificar o lugar do acidente do avião de Malaysian Airlines. Ao final encontraram-se os restos do avião graças aos dados de muitas fontes como os satélites, os sensores da companhia que fabricou os motores, os da companhia que construiu a aeronave ou aos telefones móveis dos passageiros.

A quantidade de dados dos quais se dispõe atualmente supõe um objetivo. Potencializando usos responsáveis e associando enfoques inteligentes, pode-se chegar a construção de uma sociedade e um sistema produtivo e econômico conforme esta nova realidade, baseado em conhecimento, talento, inovação e criatividade. Portanto, os dados convertem-se em catalisadores da sociedade e a economia do amanhã.

Rubén Cánovas, chefe da equipe na everisSmart

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