A hora e a vez dos pagamentos sem contato

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Os pagamentos por aproximação movimentaram R$ 8,3 bilhões no Brasil no primeiro semestre de 2020, segundo dados da ABECS (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços). O montante representa 0,94% do total de faturamento dos cartões no país, que alcançou R$ 876,4 bilhões no mesmo período. É um volume recorde, que representa um crescimento de 330% comparado com o mesmo período do ano anterior.

Devido às circunstâncias da pandemia, o uso de tecnologias sem contato tem sido um dos destaques no mercado de pagamentos – alavancado pelo receio dos consumidores em tocar no terminal do lojista. Essa nova conduta apresenta uma propensão nunca antes vista pelos pagamentos sem contato.

Não se trata de uma novidade, pois sua implementação por aqui já tem mais de sete anos, mas sim um ganho de percepção positiva frente ao cenário pandêmico. Nesta categoria, além das mobile wallets NFC (near field communication), como Apple Pay, Samsung Pay e Google Pay, temos também o uso das tecnologias de chip sem contato em cartões de bandeira. Embora não tenhamos um estudo mais profundo que indique a representatividade destas soluções nos pagamentos sem contato, estima-se que não exista preponderância entre elas: a Samsung é a marca de celulares líder no Brasil, contudo, a Apple tem uma penetração significativa na camada de maior renda entre os usuários – que são normalmente os de maior propensão ao uso de novas tecnologias. Isso chama a atenção para o aumento do uso de pagamentos sem contato via cartões em relação às plataformas mobile, dado o foco e interesse percebido entre os emissores e seus clientes.

Outro dado importante é que a informação da ABECS inclui apenas as modalidades sem contato em cartões e mobile wallets NFC, deixando de fora outro meios importantes, como a captura via QR Code, que é incluída nos números de pagamentos com cartão não presente, a mesma do comércio eletrônico. Esta categoria (QR Code) é também um grande destaque em crescimento nos últimos meses, proliferada por diversas novas carteiras digitais, como PicPay, Mercado Pago, iFood, entre outros. Em valores absolutos, é muito expressivo o ganho de participação destas carteiras, também favorecidas pela tendência de demanda por soluções sem contato, e com aplicação de tecnologia, muito mais simples do que àquela usada nas mobile wallets NFC. Podemos estimar que o volume total de cadastros em carteiras digitais tenha mais do que dobrado, no 1º semestre deste ano, comparado ao mesmo período passado. Isto implica que mais do que 25 milhões de consumidores, habilitaram alguma carteira digital, neste período.

A solução de captura via QR Code apresenta algumas facilidades de implementação devido a não necessidade de uso de tecnologias proprietárias e mais sofisticadas como o NFC, além do que a maior parte dos celulares usados no país conseguem fazer a leitura do código e têm a capacidade para armazenamento do aplicativo de pagamento. Contudo, esta tecnologia precisa ser habilitada na loja diretamente pela carteira, ou via integração com empresas de captura.

Uma nova tendência de solução "sem contato" já está disponível no mercado, usando a tecnologia para pagamentos digitais baseada em autenticação padrão EMV (Europay, Mastercard, Visa), sem a necessidade de cartão físico. Esta é a forma utilizada pela startup IDid para pagamentos não presenciais e presenciais sem contato. Através dela, efetua-se a autenticação em duas camadas, por meio da integração com o emissor do meio de pagamento usando o aplicativo deste mesmo emissor. A chave de acesso para uso é o CPF do cliente, algo que o consumidor já está acostumado a informar em diferentes lojas, seja por incentivos fiscais, seja por outros motivos como programas de fidelização de cada loja. Através do CPF, o sistema de captura de dados do lojista faz uma consulta junto à IDid, que identifica quais são os meios de pagamento habilitados para aquele consumidor. A IDid então informa o emissor do meio de pagamento selecionado pelo consumidor, que por sua vez notifica o cliente através do aplicativo de relacionamento, tudo em tempo real. O consumidor abre a notificação e autoriza o pagamento, que é processado dentro dos padrões de autenticação EMV.

A novidade pode ser usada tanto no varejo físico como no comércio eletrônico, garantindo conversão superior a 95% nas tentativas de pagamento, virtualmente eliminando o risco de fraudes, já que usa a mesma forma de autenticação forte das mobile wallets NFC e dos cartões com tecnologia de chip sem contato- sem, contudo, usar a tecnologia NFC. Por isso, a nova solução apresenta diferenciais importantes quanto a usabilidade, aplicabilidade e segurança em relação às outras soluções.

O momento é mais do que propício para surgimento, teste e avaliação de meios de pagamento sem contato. Contudo, o fim da pandemia não necessariamente significará o encerramento desta "onda", e sim o começo de uma nova realidade totalmente baseada em inovação nos meios de pagamento. Com tantas facilidades que os pagamentos sem contato trazem, dificilmente o mundo os deixará de lado.

Gastão Mattos, líder da IDid.

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