A conectividade das pessoas, quando bem aproveitada, está se transformando em um fator de competitividade para as empresas. Por isso, já se fala do "capital social" como um novo ativo empresarial, já que as redes sociais são vistas com um grande potencial para gerar, comunicar e integrar ações.
A inovação não está mais limitada aos departamentos de pesquisa e desenvolvimento das empresas, nos quais algumas mentes brilhantes geram ideias e protótipos, que se transformarão nos seus futuros produtos ou serviços. Os demais departamentos também são influenciados e devem aproveitar essa onda de inovação no dia a dia de suas atividades. Os exemplos são notórios, como em processos de recrutamento que utilizam as mídias sociais para capturar candidatos ou, no caso da área de operações, que pode colher informações sobre eventuais atrasos ou falhas em entregas de produtos por canais on-line.
Os modelos de inovação orientados de dentro da organização faziam sentido na época em que o conhecimento era centralizado e a empresa, que investia mais para concentrá-lo internamente, podia desenvolver melhores e novos produtos e serviços, sendo, portanto, mais competitiva.
Com o avanço do uso da Internet e de outras tecnologias derivadas para gerar, compartilhar e difundir informação globalmente, o conhecimento, que antes estava centralizado, começou a ser distribuído por múltiplos canais e o que não era acessível passou a ser disponibilizado de forma imediata.
Tais mudanças tiveram um efeito transformador na maneira como as empresas se posicionam, desenvolvem novos produtos e serviços e executam seus processos. Embora para muitas companhias seja necessário manter uma infraestrutura interna de pesquisa e desenvolvimento para continuarem competitivas, praticamente todas perceberam a necessidade de disseminar para o exterior a identificação de ideias, desenvolvimento, financiamento e/ou comercialização.
Essa nova prática de "abertura da inovação" já era defendida por Henry Chesbrough da UC Berkeley (EUA), no livro Open Innovation (Inovação Aberta), publicado em 2003, mesmo antes das mídias sociais e algumas empresas empreenderem modelos de sucesso para incorporar redes externas de especialistas no processo inovador. Mas a história não termina aqui, o processo de interconexão global seguiu crescendo de maneira acelerada na última década e a atuação das redes sociais em todos os âmbitos da sociedade está gerando outra onda de transformação na dinâmica de inovação das organizações.
Conectividade, multicanais, agilidade, disponibilidade e interatividade estão se transformando em fatores de competitividade para as empresas, ou seja, novos ativos essenciais, conhecidos como "capital social" e entendidos como o valor intrínseco das redes sociais de algumas empresas e seu potencial para gerar ações.
Ainda que a primeira reação das empresas tenha sido de gerar presença digital nas redes sociais e participar das conversas de seus clientes ou aproveitá-las para o benefício de seus negócios, existe, todavia, um enorme potencial de inovação na "socialização" dos processos internos de algumas companhias para melhorarem a oferta de produtos e serviços.
Um exemplo interessante é do setor hoteleiro. Sete em cada dez turistas decidem seu destino depois de consultar as opiniões de outros nas redes sociais. Uma empresa hoteleira, que deseja ter vantagem competitiva, precisa estar atenta aos comportamentos e anseios das comunidades nas redes sociais, porque esse fator pode ser decisivo na concretização de uma venda.
As companhias precisam estar preparadas para esse novo formato mais abrangente de inovação, que inclui incorporação de modelos sociais e conectividade, para que as interações internas com as diversas comunidades sejam facilitadas para responder melhor às necessidades externas.
Carlos Mendes é diretor da área de business da Everis Brasil.