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Em Las Vegas, CES 2022 aposta na sensorização para conectar coisas e pessoas

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Las Vegas, nos Estados Unidos, é uma festa para os sentidos, com seus cassinos, espetáculos circenses, shows sofisticados e réplicas de monumentos históricos. O aspecto de magnificência que caracteriza a cidade a torna o palco perfeito para a CES (“Consumer Electronic Show”), o maior evento de tendências de tecnologias aplicadas ao consumo do planeta. A última edição aconteceu de 5 a 8 de janeiro deste 2022, e os mais importantes “jogadores” do universo dos negócios tecnológicos fizeram suas apostas.

Mais de 800 startups de todo o mundo se exibiram na feira ao lado de grandes marcas globais como Intel, General Motors, Samsung, AMD, Scheneider Eletric, AT&T, BMW, Abbot e Philips.

Sinal dos tempos: a CES 2022 aconteceu de forma híbrida, tanto presencial — o que não se dava desde janeiro de 2020 — quanto por meio de inscrições remotas. A amplitude das trilhas do conteúdo foi vasta, na medida do Centro de Convenções de Las Vegas, que abrigou o evento em seus mais de 230 mil metros quadrados. Os temas passaram por 5G, AR/VR/XR, carros elétricos, Inteligência Artificial (AI), blockchain, Cloud, Cybersecurity, NFT, Digital Health, Fitness e Wearables, gaming e esportes, IoT, computação quântica, robótica e Smart Home, entre outros.

Em época de pandemia, um rigoroso protocolo de prevenção foi aplicado aos visitantes, que precisavam comprovar vacinação completa para acessar os pavimentos, com uso obrigatório de máscaras. Além disso, testes rápidos de detecção do coronavírus foram distribuídos gratuitamente aos participantes, que eram encorajados ao seu uso diário.

No ano passado, o grande destaque do evento foi a tecnologia 5G. Em 2022, a maior densidade nas apresentações de conteúdo ficou por conta da sensorização de objetos e pessoas, envolvendo as mais diversas aplicações, como as voltadas à saúde.

A Abbott, empresa especializada no segmento, presidida por um brasileiro, Robert Ford, foi uma das keynotes da CES, mostrando uma série de novos artefatos que permitem a sensorização de pessoas através de adesivos ou dispositivos “usáveis”. Os “Biowereables” da Abbott monitoram, em tempo real, níveis de açúcar, pressão arterial e batimentos cardíacos. Os dados gerados alimentam uma plataforma de Inteligência Artificial para o aprofundamento da análise dos dados, que pode ser compartilhada com o médico indicado pelo usuário. A empresa usou o evento para lançar seu mais recente produto, o Lingo, que faz o monitoramento das condições físicas e de saúde acompanhando hábitos nutricionais e práticas de exercícios físicos, permitindo recomendações de melhoria com base em objetivos traçados pelo usuário.

Searas diversas

Ainda no âmbito da sensorização, inúmeros outros produtos e tecnologias foram destaque em várias searas de negócio. A John Deere, empresa especializada em equipamentos para agricultura, introduziu seu Trator Autônomo 8R, capaz de preparar o solo para uma nova plantação ou auxiliar na colheita sem a necessidade de intervenção humana. O equipamento, totalmente sensorizado, identifica possíveis obstáculos no caminho para suspender o traçado até que sejam removidos. O modelo executa rotas considerando o perímetro da plantação, previamente informado, podendo trabalhar 24 horas, aumentando a produtividade das operações agrícolas.

Os veículos autodirigidos não são uma novidade, com tecnologias para esse fim sendo apresentadas na CES já há cinco anos. Interessante notar sua evolução a cada edição do evento. Este ano, a vez foi das empresas especializadas em veículos de transporte (caminhões, ônibus) e seus autodirigidos, caso da RRAI. Grandes montadoras como a GM (keynote) também marcaram presença com elétricos e autodirigidos.

São tecnologias ainda distantes do nosso mercado, pois dependem da disponibilidade do 5G, garantindo acesso rápido, sem intermitência e confiável à internet nas áreas de cobertura. Aliás, o 5G também foi bastante discutido na CES 2022, enfatizando que o seu desenvolvimento e distribuição têm como principal driver o mercado enterprise (corporativo) e não o consumidor final. São empresas buscando aplicações que dependem dessa conectividade — os impulsionadores do 5G.

Trata-se, portanto, de uma tecnologia de infraestrutura, que, guardadas as proporções, poderá ser comparada ao fornecimento de energia elétrica ou água potável, mas para o universo de aplicações previstas para o futuro em segmentos como locomoção urbana e logística, entre outros.

Outros temas de interesse, como NFT (“Non Fungible Token”) e CyberSegurança, foram tratados no evento. Com relação ao NFT, aplicação que usa blockchain na criação de identificadores únicos (“Token”) para transações ou qualquer tipo de bem de consumo, o foco da discussão foi o potencial de aplicação dessa tecnologia para itens que necessitem de autenticidade, como obras de arte, artigos de luxo ou mesmo medicamentos e alimentos, identificando, sem possibilidade de erro ou fraude, origem e composição.

A Cybersegurança foi debatida como um grande desafio para a evolução de todas as tecnologias, pois todas dependem do armazenamento e tratamento de dados. Fragilidades recentes que se tornaram públicas globalmente, em diversas empresas de segmentos distintos, evidenciaram que as medidas e práticas para a proteção da informação são uma disciplina que deve ser considerada como premissa para o desenvolvimento de qualquer tipo de negócio ou tecnologia. Na CES 2022, ficou claro que esse esforço de proteção é permanente e precisa evoluir constantemente.

Várias trilhas da CES 2022 se conectavam em um mosaico dinâmico sobre tendências evolutivas. A sensorização (IoT), gerando uma infinidade de dados, capturados via 5G ou outro tipo de rede, a serem tratados por plataformas de Inteligência Artificial (AI), permitindo aplicações de Machine Learning, precisando de capacidade de armazenamento e processamento de informações em crescimento exponencial, que somente as arquiteturas de Cloud Computing podem permitir. E, claro, tudo isso com segurança e privacidade.

Os cassinos de Las Vegas são estruturados de maneira que os frequentadores percam a noção da passagem do tempo, o que os levam a permanecer jogando “como se não houvesse amanhã”. Um passeio pelas dependências da CES suscitou percepção oposta: a de que o amanhã urge e atropela o próprio presente, tamanha a velocidade das inovações. E, nesse caso, as fichas em jogo representam muito mais do que os rumos da sorte — sinalizam os caminhos da indústria e da sociedade de consumo, um espetáculo em constante renovação.

Gastão Mattos, CEO da GMATTOS.

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