As indústrias de TI dos países da América Latina estão buscando estreitar relações com o objetivo de criar um bloco econômico para o setor de software e serviços na região. A finalidade com a criação do grupo é aumentar a visibilidade e a competitividade das empresas no mercado mundial.
Para atingir esta meta, as associações de software e serviços de TI dos países latino-americanos estão buscando uma aproximação para definir estratégias complementares de atuação, por meio da cooperação e integração dos planos de negócio e metas.
Entre as principais ações está a busca de redução da carga tributária e o aumento da qualificação profissional, citados como elementos de suma importância para a indústria de TI da região elevar a relevância em âmbito mundial.
Na opinião do presidente da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação (Assespro), Ruben Delgado, os governos serão os grandes facilitadores, por meio de políticas públicas de incentivo, para proporcionar o intercâmbio tecnológico e a integração do bloco. "Temos que criar uma agenda entre os países para discutir sobre a elaboração de planos para serem abordados junto aos governos", disse o executivo que participou do Seminário Internacional sobre Software e Serviços de Tecnologia da Informação: Políticas Públicas e Estratégias Empresariais para a América Latina e o Caribe, realizado em São Paulo. O evento representou o início da aproximação entre as associações da região.
Certificação de processos
Uma das diretrizes que podem ser entendidas como um primeiro passo desse movimento é o projeto de definição de um modelo de certificação de processos único para ser adotado pela indústria de software e serviços de TI da América Latina. Batizado de Regionalização Latino Americana da Indústria de Software (Relais), o projeto receberá investimentos de US$ 4 milhões neste ano do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Na disputa por um lugar ao sol está o modelo brasileiro de certificação de melhoria de processos de software brasileiro, o MPS-BR. Seu concorrente, é o modelo mexicano Moprosoft. Segundo o vice-presidente da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), Arnaldo Bacha, nos próximos dias será definida a agenda para determinar como será o processo de análise dos dois modelos. Inicialmente, além do Brasil, México, Colômbia e Peru estão discutindo o assunto, sendo que este último foi escolhido para coordenar o debate sobre a implantação de um modelo unificado de certificação de processos de software na América Latina.
O MPS-BR, criado em 2004, recebeu investimentos de US$ 1 milhão do BID para ser lançado. A expectativa é que o modelo brasileiro seja escolhido como padrão. Bacha, inclusive, informou que Peru e Colômbia já demonstraram interesse em adotar o modelo brasileiro. Ele observou ainda que no México algumas empresas também enxergam com bons olhos o MPS-BR.
Como contrapartida ao investimento de US$ 4 milhões do BID no projeto, o vice-presidente da Softex revelou que o Brasil terá de aplicar US$ 500 mil no projeto, cifra que deve ser financiada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Bacha salientou que o MPS-BR conta atualmente com 200 empresas credenciadas e a meta é dobrar este número até 2011.
Ele ressalta que existem políticas públicas para facilitar as empresas a adquirirem as certificações, que concedem, por meio de benefícios, descontos de 40% a 50% no preço para comprar o selo. A certificação de menor nível tem custo de R$ 44 mil, sem os descontos.
- Meta agressiva