Crise do novo coronavírus deve derrubar mercado de TI em 1%, segundo a IDC

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Diante da pandemia de covid-19, o mercado de TI deve apresentar queda de 3,7% na América Latina e de 1% no mercado brasileiro, segundo a IDC Brasil. Mesmo com a expectativa de redução, a América Latina é a região mais otimista em comparação a outras regiões. De acordo com a IDC, neste segundo trimestre de 2020, 42% das empresas apontam um gasto com TI menor do que o previsto, mas no mundo a queda se aproxima de 50%. Já as expectativas para o segundo semestre de 2020 na América Latina é de que o impacto seja menor.

"Os países estão se adaptando e a etapa é de realinhamento para assimilar os impactos. Tanto no Brasil como nos demais países da América Latina, há o entendimento de que haverá um impacto e que as receitas sofrerão de alguma maneira", diz Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria em Enterprise da IDC Brasil, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações. "Em conversas com empresas de TI para entender a percepção da crise, ¾ delas esperam redução de receita entre 10 e 20% em relação ao que estava previsto para 2020. Já no Brasil, 67% das empresas apontam decréscimo entre 10 e mais de 50%. O cenário também é pessimista no México, onde 88% das empresas preveem alguma redução", afirma o gerente da IDC Brasil.

Três cenários

Considerando aspectos econômicos e sanitários, a IDC desenhou três cenários para a América Latina: o otimista, o provável e o pessimista. No cenário otimista, a expectativa é de queda do PIB na região por volta de 4%, o fim da quarentena em meados de maio e políticas fiscais eficazes para conter oscilações nas taxas de câmbio. No cenário provável, a queda do PIB é mais acentuada, de 5,3%, com a quarentena se estendendo até o final de maio e um impacto forte no câmbio, com taxas do mês de abril sendo mantidas, ocorrendo desvalorização. Já no cenário pessimista, a IDC prevê queda do PIB da América Latina maior do que 6%, a quarentena desse estendendo a junho ou até depois, e uma continuada desvalorização das moedas da região.

Por conta disso, a IDC atualizou a previsão dos gastos de TI no Brasil também para 2021. "A tendência no longo prazo é de que os investimentos não sejam tão impactados, mas, como é um momento difícil e as empresas estão em fase de realinhamento, os projetos estão sendo revisados. Ou seja, apenas o que é necessário e de imediato está sendo feito", afirma o gerente da IDC. No geral, a visão otimista é de crescimento de 6% a 7% no mercado de TI no Brasil em 2021. Já na visão pessimista, o ano pode registrar queda de 4%.

A IDC chama atenção para três pontos durante a pandemia: a transformação do trabalho, da conectividade e infraestrutura digital, e das experiências digitais. "O futuro do trabalho e a interação de colaboradores com stakeholders mudou a preocupação que as empresas tinham, que antes era a cultura organizacional e agora passa a ser o posto de trabalho e a capacidade de desempenhar funções. Na questão da conectividade, as empresas se esforçam para criar experiências abrangentes e ampliar as formas de interação, não só com o colaborador, mas com clientes, suportadas por uma infraestrutura digital flexível. E em relação às experiências digitais, as empresas precisam assegurar que sejam confiáveis para que o consumo e comunicação sejam suportados da mesma forma que eram antes", explica o gerente da IDC Brasil. Segundo ele, no varejo, por exemplo, a demanda foi para o digital e as empresas tiveram que redesenhar a estratégia de vendas e conectar todos os pilares de atuação. "Isso mostra como a TI é importante, principalmente na adversidade, ao alavancar para a transformação rápida e permitir ganhos de produtividade, agilidade, conectividade etc.".

Cenário pós-covid-19

Para a IDC, o impacto da crise tem relação direta com a duração da quarentena na América Latina. "As economias da região não possuem força necessária para sustentar uma quarentena mais longa. Existem pacotes de estímulos, mas, ainda assim, a economia precisa retomar suas atividades", acredita Luciano. Esse cenário de pressão, diz ele, pode causar efeitos negativos e criar uma segunda onda de contágio. "O desenho da crise é um U e o tamanho do impacto depende do tempo que permanecemos no fundo desse U. Quanto mais tempo permanecermos com a economia parada, maior o impacto geral", conclui.

A IDC prevê cautela na retomada dos negócios em TI. "Quando os investimentos voltarem a acontecer, serão feitos com mais critério. Os projetos de inovação devem ser retomados com mais força, porque as empresas perceberão que a tecnologia digital da 3ª plataforma e os aceleradores de inovação são fundamentais para continuar os negócios e para que a resiliência operacional seja perene. Será um grande aprendizado para todo o mercado e provedores de TI", afirma.

Em relação aos impactos por segmento, a IDC afirma que a área de dispositivos é a mais afetada. Em telecomunicações, a estruturação do setor foi fundamental, já que os serviços são ainda mais consumidos nesse período. Em enterprise, o cenário é mais crítico do que o previsto no início de abril, mas a nuvem tem se mostrado resiliente, com crescimento ainda previsto para algo entre 25% e 30%.

Quanto às verticais de mercado, a recuperação deve acontecer em ritmos diferentes. "As empresas de telecomunicações e finanças conseguiram mudar rápido para manter a operação durante a crise e devem retomar investimentos mais cedo, com previsão de recuperação em até 8 semanas após a pandemia. O setor de educação também deve ter uma recuperação rápida. Saúde e varejo precisam de ajustes, mas conseguem manter seus negócios e se recuperar mais rápido, e os setores de manufatura, governo e serviços pessoais são os que devem se recuperar gradativamente, levando até 20 semanas após a crise", prevê o gerente da IDC Brasil. Ramos aponta ainda que há aplicações que vão se destacar mesmo neste período e após a crise, especialmente nos setores de finanças, governo, comércio e saúde. Os investimentos nesses casos poderão somar US$ 1,7 bilhão de dólares na América Latina depois da pandemia.

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