Da produção à distribuição, tecnologia digital se tornou o cotidiano dos grupos de mídia

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As empresas de entretenimento estão se adaptando aos processos do ambiente multiplataforma. A nova abordagem vai da produção de conteúdos e gestão da informação até os modelos de distribuição integrados. Para o consultor Roberto Primo, que já esteve à frente da área tecnológica da antiga Globosat, o maior desafio na distribuição digital e multiplataforma – "já que funcionar perfeitamente nunca é possível" – é conseguir corrigir os erros rapidamente. "Para quem está começando é mais fácil, mas para quem tem um legado tecnológico, é um desafio", disse no 5×5 TECSummit.

Sem legado

A CNN Brasil é um dos que "está começando". O novo canal montou sua estrutura há oito meses, já em um ambiente multiplataforma. "Tivemos a oportunidade de nascer como unidade na produção de conteúdo e distribuição. O foco era na pay-tv, mas era premissa ter portal e plataforma OTT", diz Rafael Duzzi, vice-presidente de tecnologia da CNN Brasil. Hoje a CNN Brasil tem 1 milhão de inscritos no YouTube, mais 1,5 milhão de seguidores nas redes sociais. "O digital deu mobilidade para as pessoas. Hoje o consumidor tem oportunidade de colocar um fone de ouvido e ver aquilo que tem interesse".

Segundo ele, a plataforma OTT ainda não foi lançada por estratégia. "Estamos estudando projetos na parte de OTT e streaming. Tem muito espaço no Brasil ainda para este mercado. A banda larga está cada vez mais presente e com o advento do 5g ficará cada vez mais latente", explica Duzzi sobre os planos de expansão para novos modelos de negócio.

Estratégia à parte, o desafio tecnológico para adotar um modelo OTT é bancar a CDN – Rede de Distribuição de Conteúdo. "A CDN é uma pedra no sapato do produtor de conteúdo. Se você opta pelo B2C, vai ter que pagar essa conta", explica. Embora a infraestrutura instalada já seja satisfatória, o custo do gigabyte trafegado ainda é muito alto. "Para alcançar grandes audiências, gostaríamos estar no maior tipo de telas possível, o que segura é esse custo", completa.

Com legado

Já o SBT é o modelo com legado tecnológico mencionado por Roberto Primo. Para fugir do alto custo com CDNs, o canal aberto se uniu a um parceiro estratégico. "Não podemos ignorar o consumo digital, o hábito de consumo. Temos parceria com o YouTube. Chegamos a contribuir com 12% do conteúdo em vídeo diário", conta Raimundo Lima, diretor de tecnologia do SBT

Para a TV aberta, obviamente, as transmissões terrestre e satelital são, e devem continuar sendo, a principal forma de transmissão. No futuro, contará ainda com uma integração mais transparente ao usuário com a distribuição online. "Não vamos ignorar o nosso sistema de TV digital. O ISDBT, a partir de 2021, vai ganhar o DTV Play, que é o perfil 'D' do Ginga. Proporcionará um canal de comunicação muito direta com o espectador. Vamos poder observar melhor o hábito de consumo do lado de lá", diz Lima.

Produção

Não só na distribuição está a contribuição da tecnologia digital e online, mas também trouxe grande impacto à produção de conteúdo. Roberto Primo diz que a tendência é levar o máximo possível para a nuvem. "Todo mundo falar em virtualizar toda cadeia de produção. A parte da edição e da pós-produção já foi", diz.

Duzzi, da CNN Brasil, lembra que o canal foi lançado no início da pandemia. "De início, 80% da força tinha que trabalhar em casa. Nosso sistema permitia a edição remota. Tivemos que fazer só o upgrade de link", diz. Segundo ele, a operadora de rede fez o upgrade em questão de horas.

Novamente, o legado traz um peso às empresas consolidadas. Raimundo Lima, do SBT, lembra que as emissoras de TV aberta no modelo brasileiro são, acima de tudo, casas de produção. "Produzimos mais de 70% do conteúdo exibido. Isso torna o nosso desafio muito maior", diz.

Ele lembra que a emissora teve que migrar de um modelo baseado em hardware para o software. "Antigamente, quando havia um problema, vinha um técnico com um cinto de utilidade. Hoje vem alguém de mãos vazias, que atua em sistemas", brinca. As contribuições do jornalismo também simplificaram. "Não temos mais unidade móvel de jornalismo, é tudo na base de entradas via IP, com os mochilinks", diz.

Dados

Outra ponta onde o digital contribui nos grupos de mídia é na obtenção de dados sobre a audiência. "Os dados sempre fizeram parte da indústria do entretenimento, mas nunca tivemos tanta oportunidade de mensurar", diz Roberto Primo.

"Hoje o broadcast investe muito no CRM dele e na tentativa de identificar melhor o espectador", diz Raimundo Lima. Segundo ele, o parceiro YouTube compartilha "em termos" os dados sobre os consumidores. "Não temos todas as informações que gostaríamos de ter", admite. No entanto, o canal conta com outras formas de acesso ao consumidor. "Temos o cadastro da Telesena, por exemplo, temos um tesouro, basta abrir o baú e identificá-lo", diz. Redação: Equipe 5×5 Tec Summit.

5×5 TecSummit

O evento 5×5 TecSummit é organizado pelos portais jornalísticos especializados Convergência Digital, Mobile Time, Tele.Síntese, TELETIME e TI Inside, com a proposta de debater a modernização de cinco setores essenciais para a economia brasileira. Na sexta-feira, 11, o evento se encerrou com uma discussão sobre o impacto da tecnologia na indústria de entretenimento. As apresentações estão disponíveis aqui.

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