O setor de terceirização de TI da Índia sofreu mais um duro golpe nesta segunda-feira, 12, após a Satyam Computer Services ter admitido que inflou o seu balanço trimestral em US$ 1 bilhão. Agora foi a vez do Banco Mundial anunciar que não irá mais fazer qualquer negócio com a Wipro Technologies, terceira maior empresa indiana de outsourcing de TI, com a qual já realizou transações no passado, segundo informações da edição on-line do jornal britânico Financial Times.
O Bird incluiu a Wipro em uma lista das companhias vetadas, de acordo com política de compras da instituição, por "proporcionar benefícios indevidos para funcionários do banco". O fato fez com que as ações da Wipro despencassem 8,46% na Bolsa de Bombaim, fechando o pregão cotadas a 229,45 rúpias, ou seja, US$ 4,75.
O caso diz respeito a oferta de ações para o Banco Mundial, feita pelo CIO da Wipro naquela época e um alto membro da diretoria, cujos nomes não foram revelados. De acordo com a empresa, funcionários do Banco Mundial compraram US$ 72 mil em ações e assinaram uma declaração de conflito de interesse, segundo a qual a transação não violaria os padrões éticos da organização.
A empresa comunicou que durante a sua oferta pública inicial de American Depositary Shares (ADS) em 2000 ela usou um programa aprovado pela Securities and Exchange Commission, utilizado frequentemente e que permite às empresas venderem ADS para colaboradores e clientes ao preço do IPO.
"Mesmo que o Banco Mundial não seja um grande cliente para Wipro, esta não é uma boa notícia no cenário de escândalo da Satyam. Esse anúncio é suscetível para a indústria indiana de TI", disse Sudin Apte, analista sênior da Forrester Research na Índia.
A proibição do Banco Mundial surge em um momento no qual o setor de terceirização de TI da Índia, um das mais importantes indústrias exportadoras do país e que gera cerca de US$ 40 bilhões por ano, está lutando para defender sua reputação na sequência do escândalo do ex-CEO da Satyam. A polícia da Índia deteve o fundador da Satyam, B Ramalinga Raju, seu irmão, Rama Raju e o diretor financeiro da empresa Srinivas Vadlamani, após revelações de que o grupo alterou balanços financeiros ao longo de vários anos.
As empresas de TI do país dependem da sua reputação para atrair novos negócios de seus clientes no exterior, que confiam a elas os seus mais críticos sistemas de software, dados e sistemas de hardware.
No entanto, a Wipro se defendeu. Suresh Senapathy, diretor financeiro da companhia, frisou que não houve ônus para a Wipro por não ter divulgado o assunto com antecedência porque a empresa agiu dentro da lei e o Banco Mundial representou uma quantia insignificante no negócio para o grupo, cerca de US$ 1 milhão durante oito anos.
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