O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) fez um extenso levantamento das razões pelas quais o Brasil não ocupa um papel de destaque no que se refere à inovação na área de TIC. Um dos principais fatores é a escala de produção em que trabalham as empresas brasileiras, o que se reflete no volume de recursos destinados à Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no País.
O Ipea analisou 56 empresas nacionais, contra 19 estrangeiras – classificadas em líderes, seguidoras, frágeis e emergentes. Entre as estrangeiras não foi encontrada nenhuma empresa da categoria "frágil" ou "emergente". A receita líquida de vendas das firmas estrangeiras superou os R$ 23 bilhões em 2005 (ano em que os dados foram compilados) ao passo que a receita líquida de vendas das empresas brasileiras foi de R$ 1,1 bilhão. A remuneração média dos funcionários das empresas líderes estrangeiras foi de R$ 76 mil por ano, enquanto que as brasileiras nacionais pagaram aos seus funcionários R$ 28 mil por ano. Mesmo a remuneração média das seguidoras estrangeiras é superior às líderes nacionais: R$ 36 mil por ano.
No que se refere aos gastos com atividades de inovação, as companhias brasileiras investem em termos relativos até mais que as estrangeiras: 6,5% da receita líquida, contra 3,3%. Entretanto, em números absolutos, os gastos em P&D de algumas empresas estrangeiras são muito superiores ao faturamento das companhias nacionais. De acordo com as informações reunidas pelo Ipea, Microsoft e Nokia são as companhias que mais investem em P&d na área de TICs, com cerca de 5 bilhões de euros cada por ano. Depois vem Samsung (4,4 bilhões de euros) e Intel (3,9 bilhões de euros). "As firmas estrangeiras atuam no mercado brasileiro com uma escala de operação de outra grandeza, quando comparada às empresas nacionais", constata o Ipea. Os dados foram retirados do estudo "Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil", divulgado na última terça, 11.
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