Baixo crescimento leva IBM a rever estratégia e mirar nos mercados de nuvem e big data

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Depois de um ciclo de baixo crescimento da receita e de experimentar alguns problemas como a queda de seu outrora florescente negócio na China e perdas em sua unidade de semicondutores, bem como uma forte desaceleração nas vendas de hardware e software, a IBM resolveu promover uma verdadeira guinada em seu negócio e concentrar o foco de atuação nos mercados de computação em nuvem e big data.

Nos últimos anos, o crescimento da receita da IBM tem sido extramamente tímido, e novas tecnologias como a de computação em nuvem têm ameaçado seus negócios tradicionais, o que também têm impactado o preço das ações, estagnado desde que Virginia Rometty assumiu o posto de CEO da companhia, quase dois anos e meio atrás. Mas em recente entrevista na sede da empresa em Armonk, Nova York, ela afirmou que a IBM agora tem uma visão clara de como buscar o crescimento, segundo o New York Times.

A IBM, adianta ela, vai abandonar os negócios menos rentáveis e investir em novas áreas — como em tecnologias que auxiliem os clientes a encontrar soluções para fazer frente ao aumento do volume de dados digitais e a computação de nuvem. Esta última área, segundo Virginia, pode ser uma grande oportunidade para a IBM.

A mudança de foco se justifica. Hoje, de acordo com a CEO, menos de 15% da receita da IBM advém da venda de hardware. "Estamos transformando a empresa para a próxima década", disse ela ao jornal americano, como uma espécie de mantra que deve usar na próxima quarta-feira, 14, durante reunião anual com analistas de investimentos. "Isso não é um trabalho de um ano, não para uma empresa de bilhões de dólares."

De acordo com analistas, o desafio de Virginia é semelhante aos enfrentado por ex-CEOs da IBM — descobrir como explorar novas oportunidades de negócios, movimentando-se de forma rápida. Ao longo dos anos, a computação pessoal, a internet e as empresas de serviços da Índia representaram terríveis ameaças para a IBM. E ela sempre procurou se adaptar e emergiu refeita e revigorada, segundo eles.

"Eu me sinto muito bem com a direção que temos dado [aos negócios]. Estamos fazendo progressos, e só precisamos manter as mudanças com velocidade", disse ela, ao se referir à venda, em janeiro, da divisão de servidores low-end para a chinesa Lenovo, por US$ 2,3 bilhões.

A IBM, dizem os analistas, demorou a compreender o significado da computação em nuvem. E essa tecnologia é a ameaça mais frontal para a companhia porque tem o potencial de substituir grandes partes do seu negócio, que é a venda de hardware, software e serviços para corporações, observam. Segundo esses analistas, nesses anos todos, a oferta de cloud da IBM, o SmartCloud, foi tratada como uma extensão da linha de produtos existentes, em vez de algo genuinamente novo.

Nova estratégia

Agora ela sinaliza que terá uma "nova estratégia de atuação" no mercado de computação em nuvem. O primeiro passo nesse sentido foi a compra, em junho do ano passado, por US$ 2 bilhões, da startup SoftLayer Technologies, empresa de hospedagem de dados online. Em janeiro deste ano, a IBM anunciou que pretende investir US$ 1,2 bilhão em data centers para serviços de nuvem, sendo que a meta é ter 40 deles em 15 países até o fim deste ano.

Em fevereiro, a companhia anunciou também que planeja investir US$ 1 bilhão no desenvolvimento de software para nuvem e ferramentas de desenvolvimento para atrair programadores de fora, que desejem criar aplicações em nuvem para empresas. A iniciativa foi batizada de BlueMix.

Mas, assim como já ocorre nas áreas tradicionais em que atua, a IBM continuará a enfrentar forte concorrência após a "migração" para a nuvem, disputando com pesos pesados como a Amazon, Microsoft, Google e Salesforce. Na avaliação dos analistas, como maior fornecedora de tecnologia de data center corporativo, a IBM tem mais a perder quando as empresas migram de um ambiente de computação tradicional para um data center em nuvem rival.

Além da computação em nuvem, a IBM também vem investindo pesadamente em big data, mercado que movimenta atualmente mais de US$ 26 bilhões por ano. Desde 2005, a gigante da tecnologia já investiu US$ 24 bilhões no negócio de análise de dados, incluindo US$ 17 bilhões em 30 aquisições. No ano passado, a empresa obteve receita de cerca de US$ 16 bilhões nesse segmento.

1 COMENTÁRIO

  1. Em 1992 a Big Blue conseguiu se reinventar e vai conseguir novamente …antes tarde (uma Brand só de Cloud Computing) do que nunca.

    *Who said elephants can't dance?*

    Vai lá Big Blue !!!! Estou torcendo muito pelo sucesso desta Grande Empresa …. acho também que precisam fazer o que o Lou Gerstner fez em 1994 na IBM Brasil… substituiu 4.000 funcionários na IBM Brasil…talvez esteja na hora de fazer isto de novo.

    Com todo o Respeito e Admiração!

    claudio olimpio_ | http://www.autonomic.pro.br

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