Intel foca em eficiência energética e computação especializada para enfrentar o novo ciclo da infraestrutura digital

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A crescente demanda por inteligência artificial, associada à pressão global por eficiência energética, está redesenhando os rumos da indústria de data centers. Para Bruno Domingues, Chief Technology Officer da Intel Corporation, essa convergência marca um novo ciclo tecnológico, e a estratégia da empresa tem sido clara: investir em performance com menor consumo de energia.

Durante a Febraban Tech 2025, Domingues destacou que a IA já é protagonista em praticamente todas as iniciativas tecnológicas relevantes do mercado, e que a Intel vem adaptando seu portfólio para garantir eficiência desde a borda até os grandes centros de processamento em nuvem. "Estamos investindo para oferecer eficiência do treinamento à inferência, do menor dispositivo ao rack mais denso. Esse é o nosso direcionamento", afirmou.

Com uma linha de produtos que abrange desde soluções embarcadas até processadores de alta densidade, a empresa busca entregar maior performance por watt, uma métrica que, segundo ele, já se tornou decisiva para qualquer projeto de infraestrutura. "Estamos falando de uma equação onde o custo energético pesa diretamente na capacidade de escalar", explicou.

Eficiência como premissa estratégica

O executivo chamou atenção para a mudança de postura em mercados maduros. Singapura, por exemplo, já exige métricas rígidas de PUE (Power Usage Effectiveness), enquanto o Brasil ainda não adotou exigências formais, embora, na visão de Domingues, o debate tenha ganhado tração. "Existe sim uma preocupação crescente com o tema aqui. Mesmo sem uma exigência regulatória, as empresas já começam a levar isso em consideração em suas decisões de investimento", afirmou.

Domingues observou que a preocupação energética também altera a maneira como os novos processadores são concebidos. "A cada nova geração, buscamos mais desempenho, claro, mas isso precisa vir com mais eficiência energética. E mais que isso, com melhor custo por watt e por dólar. Essa é a lógica de quem precisa sustentar grandes cargas de trabalho com rentabilidade", pontuou.

O avanço da computação especializada

Além da energia, outro vetor de mudança destacado por Domingues é a crescente adoção de aceleradores dedicados nos data centers. Segundo ele, a Intel aposta em soluções como o Gauss, voltado a cargas específicas de IA e criptografia, como resposta à necessidade de ganho de eficiência em tarefas complexas. "A tendência é uma integração mais profunda entre hardware e software, com arquiteturas otimizadas para funções específicas. O objetivo é extrair o máximo desempenho com o menor consumo possível", resumiu.

Para Domingues, essa convergência entre especialização computacional e eficiência operacional não é apenas uma evolução tecnológica, é uma resposta inevitável à pressão por escalabilidade com sustentabilidade. "O sucesso dos data centers nos próximos anos será medido não apenas pela sua capacidade, mas por sua inteligência em operar com menos", concluiu.

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