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Depois da ressaca tech, vem aí um Rio de inovação

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Havia algo de insano no reino da inovação! Um mercado ansioso por soluções práticas e rápidas para velhos problemas e ventos favoráveis permitiram que a correnteza canalizasse uma enxurrada de investimentos para empresas jovens demais, que nem sempre sabem navegar pelas águas da concorrência sem perturbar todo o raciocínio do plano de negócios. 

Em provas náuticas, a baliza serve para orientar as embarcações e é basicamente isso que o mercado vem fazendo ao longo de 2022. Refazendo o balizamento da “baía da Inovação” para lembrar às startups que os fundamentos econômicos precisam fazer sentido, por mais sedutora que pareça a disrupção avistada no horizonte. 

Se 2021 foi o ano em que os investimentos em startups no Brasil quebraram recordes, com aportes de bilhões sendo triplicados, agora com ventos da taxa Selic soprando a 13,75% não tem cabimento correr riscos excessivos em termos de alocação de capital. Ainda assim, não acredito que, pelo fato das startups em estágio avançado terem sido as mais afetadas com a crise econômica, entraremos na dinâmica de unicórnio versus camelo, do ousado versus o resiliente. 

Então, teríamos entrado em época de “calmaria” de financiamento? Não! Startups continuarão a trabalhar tracionadas, agora com nível de confiança bem mais interessante, com uma alavancagem que faça sentido, olhando sempre para o ROI, entendendo melhor como funcionam os custos inerentes ao negócio, para que, quando ela tiver de fazer o shift, seja capaz de atingir o balanço positivo. Nada mais de acreditar num mapa de navegação que trabalhe no negativo indefinidamente. Remar contra a maré, na maior parte das vezes, é má ideia. 

Vejo com bons olhos as empresas inovadoras voltarem a dinâmicas mais realistas de projetos, que podem começar negativos, mas sempre com a perspectiva de atracar em uma enseada mais calma, com faturamento entrando. Agora não é hora de regatas heróicas e sem horizonte. 

Um litoral de oportunidades 

À eventual observação de que eu possa estar parecendo otimista demais, respondo: e tem como ser diferente? Nossas empresas hoje entenderam que o crescimento depende de tecnologia e isso não vai mudar. Desde quando é ruim que, para sair do papel e virar algo concreto, a ideia seja estruturada em um modelo de negócio racional, rentável e escalável? 

Ainda há muito espaço para startup boa, com projeto interessante. Os investidores apenas ficaram mais criteriosos. Claro, certos setores vão passar por essa fase melhor que outros. Por exemplo, o varejo sofre sempre que a economia tem escassez de crédito. Já uma fintech feito a Credfit, que faz crédito B2B2C, tem uma boa rota de crescimento pela frente. 

Além das instituições financeiras digitais, as healthtechs e as edtechs ranqueiam a lista das categorias que mais recebem investimentos entre os diferentes segmentos do mercado. 

Evidentemente, o nevoeiro econômico atual ainda deve durar um ou dois anos. Ao mesmo tempo, você sabia que nesse primeiro semestre de 2022 vendemos mais carros elétricos que no ano passado todo? E olha que o custo de aquisição de um EV é acima dos R$ 100 mil! Outro exemplo ocorre com as healthtechs. Bastou o Congresso regulamentar a telemedicina e surgiram várias empresas interessantes nesse setor, suprindo enorme carência. 

Rio e sua vocação criativa 

Voltando à nossa metáfora marítima. A Baía de Guanabara tem uma entrada estreita, o que inclusive motivou a confusão dos primeiros navegadores, que achavam ter entrado em um Rio muito largo. Ainda que o Brasil esteja marcando passo na economia faz quase uma década, nosso setor criativo é muito forte e essa percepção tem tudo para mudar de patamar no ano que vem. 

Se o Rio brilhou como capital do mundo durante a Olimpíada de 2016, em maio de 2023 será a capital global da comunidade de tecnologia. Afinal, será a primeira vez na história que o Web Summit, evento de maior prestígio do setor, se realizará fora da Europa. A previsão é de que venham à Cidade Maravilhosa cerca de 10 mil pessoas, entre founders e CEOs. 

A responsável pela façanha foi a Invest.Rio, que é uma agência pública de promoção da cidade e que pediu ajuda ao ecossistema de inovação carioca para colocar em prática o objetivo de consolidar o Rio como polo tecnológico relevante no país. Afinal, se tem uma coisa que não se dissocia do Rio é a criatividade. 

A criação da marca MaraValley não é à toa. Simboliza o novo passo do plano do Porto Maravilha, um hub de inovação onde todos os agentes promotores e investidores de boas ideias vão se reunir. E também de requalificação urbana. 

Participei desse esforço com um grupo de pessoas entusiasmadas e que trabalhou duro pra vencer essa candidatura pelo Rio, que foi muito comemorada em outro local de encontro do ecossistema de inovação nacional, o StartUp Summit, realizado em Floripa nos dias 4 e 5 de agosto. Estivemos lá nos dois dias de evento, que contou com a participação de mais de 90 palestrantes abordando 14 trilhas de conteúdo, além da feira de negócios com 50 expositores e 120 startups.  

Isso é mais do que prova que nosso setor de inovação continua efervescente e ávido por negócios e boas ideias. Não é motivo suficiente para otimismo? Há algo de muito promissor no Rio da inovação. 

Dario Perez, CEO da Planeja Consultoria, Host do Podcast ‘Papo com CEO’, professor e investidor de boas ideias. 

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