A Inteligência Artificial (IA) representa todo um novo conjunto de possibilidades para o mundo corporativo. Mas à medida que cresce seu uso pelas empresas, cresce também sua utilização por cibercriminosos. Isso está levando ao desenvolvimento de soluções cada vez mais avançadas de cibersegurança, que utilizam a própria IA para garantir segurança cibernética às corporações.
Pelo menos é o que diz a consultoria McKinsey em relatório recente. De acordo com o estudo, a popularização da IA no mundo corporativo é uma das principais razões que está levando à ampliação do mercado global de cibersegurança, que já é de US$ 2 trilhões. Isso se dá, dizem os autores, por a IA ser uma ferramenta de altíssima eficiência na luta contra as ameaças cibernéticas, sendo incorporada cada vez mais ao arsenal de soluções dos fornecedores de segurança cibernética. Globalmente, mais de 70% das grandes corporações em todo o mundo estão interessadas em comprar em ferramentas de proteção digital baseadas em IA.
Outros fatores para esse quadro são:
A adoção cada vez maior de Nuvens privadas, em substituição às Nuvens públicas, que faz com que as empresas busquem tecnologias para assegurar a segurança desses ambientes – e a IA se dá muito bem como solução;
O aumento dos ataques cibernéticos, que fez com que as organizações tenham gastado cerca de US$ 200 bilhões em segurança em 2024. Esses gastos devem crescer a uma taxa anual de 12,4% até 2027. Outro ponto interessante é que cada vez mais, as organizações estão investindo mais em soluções de cibersegurança terceirizadas. Entre os motivos estão a maior praticidade e custos menores, em comparação a montar estruturas internas complexas de cibersegurança;
O aumento da transformação digital tornou as organizações mais vulneráveis às ameaças tradicionais, como phishing e comprometimento de e-mails comerciais. Esse é um fato bem conhecido e tem acontecido há anos. Mas agora, esses ataques estão envolvendo IA, e sua complexidade aumenta;
Na última década, os governos têm criado regras mais rígidas para o controle dos dados dos clientes de uma empresa, estipulando multas e outras punições. Este fator é um dos vários que fazem com que as empresas invistam cada vez mais no desenvolvimento de resiliência cibernética.
É preciso entender que as empresas enfrentam esses fatores descritos acima em um cenário em que têm que lidar com a falta de talentos especializados em cibersegurança. É um gap global e que tem dado muito trabalho ao setor, havendo necessidade urgente de trabalhadores qualificados em áreas como segurança na nuvem, IA e estruturas de Zero Trust.
A conclusão é de que o cenário da cibersegurança global está em rápida transformação, sendo a Inteligência Artificial um dos principais motivos para essa mudança tão veloz. Esse conjunto de tecnologias tem trazido muitos desafios para as empresas, e para os provedores de segurança cibernética, incluir a IA em seu conjunto de soluções é imprescindível. Mas essa oferta deve ser acompanhada de times especializados, o que é dificultado pelo gap de mão de obra especializada, e de soluções personalizadas para as condições enfrentadas por cada cliente.
Renato Batista, CEO da Netglobe Cyber Security.