A substituição de bens físicos por alternativas digitais e virtuais pode gerar benefícios. Gêmeos digitais do mundo físico criados a partir da combinação de IoT (internet das coisas), visualização e dados do mundo real de uma variedade de fontes permitirão novos níveis de otimização.
"O metaverso oferece recursos que não são limitados pelo mundo físico e que podem ser um forte facilitador das coisas que as empresas já estão tentando fazer", diz Thomas Müller, líder digital da EY-Parthenon EMEIA. "Desde testes, montagem e desmontagem, até o desenvolvimento de novos produtos e serviços, a virtualização pode permitir a criação mais rápida de melhores resultados e experiências do usuário, mas com menor consumo de recursos do mundo real", acrescenta Müller.
Os produtos digitais e as experiências virtuais no metaverso provavelmente consumirão menos recursos e serão mais eficientes em carbono. À medida que as ofertas do metaverso se tornam cada vez mais atraentes, os consumidores podem mudar a alocação de seus orçamentos limitados para opções virtuais mais sustentáveis, gerando impactos positivos significativos de sustentabilidade.
"Podemos tomar como exemplo o fluxo de carbono incorporado no comércio global de jeans, por exemplo. Se os consumidores optassem por comprar jeans virtual para seus avatares em vez de jeans real para seus corpos físicos, a economia de carbono e água poderia ser substancial", afirma Nicola Morini Bianzino, diretor de Tecnologia Global da EY.
De acordo com Bianzino, se esse tipo de substituição reduzisse o comércio de jeans físico em 10%, as emissões de CO2?seriam reduzidas em quantidade?equivalente às emissões anuais de quase 350 mil automóveis?e o consumo de água no equivalente ao gasto da média anual per capita de mais de 400 mil consumidores chineses. "Considerando as várias categorias de gastos do consumidor, os efeitos de substituição podem resultar em eficiências substanciais de carbono e recursos."
Nova maneira de viajar
Viagens de turismo e de negócios, tanto aéreas quanto terrestres, também podem ser substituídas por experiências de metaverso. As viagens aéreas representavam 2,5% das emissões globais antes do início da pandemia – houve uma redução pela metade durante o período em que houve restrições mundiais por conta da Covid-19. "Muitos shows estão acontecendo no?metaverso. Imagine a quantidade de viagens que teriam provocado se fossem realizados no mundo físico", analisa. "Embora as interações pessoais sempre sejam importantes, as viagens do metaverso podem substituir muitas viagens livres de restrições."
Gêmeos digitais
A convergência de Inteligência Artificial, AR/VR (realidades aumentada e virtual) e IoT (internet das coisas) e dados gerados por satélite no metaverso prometem elevar os gêmeos digitais.?Considerados representações virtuais de?produtos e processos do mundo real, eles podem ajudar a impulsionar a sustentabilidade em nível planetário, desde cadeias de suprimentos e ativos de fabricação até indivíduos.
A Agência Espacial Europeia, por exemplo, está trabalhando em um gêmeo digital da Terra que ajudará a visualizar e prever os impactos da atividade humana no planeta, simulando diferentes cenários para informar os tomadores de decisões políticas. O projeto começará com os principais subsistemas planetários, como a Antártida, oceanos, florestas e clima.
Os gêmeos digitais de manufatura e cadeia de suprimentos podem impulsionar a otimização de insumos de materiais, processos, energia, rastreabilidade e logística. A combinação de gêmeos digitais com aplicativos de manufatura ágil, como design generativo e manufatura aditiva, já está acontecendo em muitos setores e pode gerar reduções significativas no uso de refugo e energia.
"Talvez a maior oportunidade de sustentabilidade para gêmeos digitais esteja nas cidades, onde ocorrem 70% das emissões globais de carbono. As operações prediais — aquecimento, refrigeração, iluminação e similares — contribuem sozinhas com 28% das emissões globais. A área de construção global deve dobrar até 2060, o equivalente a adicionar uma cidade inteira de Nova York ao estoque mundial de edifícios todos os meses, por 40 anos", analisa Bianzino.