Devido a um projeto do qual a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) participa, catadores de materiais recicláveis da cidade de São Paulo e de alguns municípios da região metropolitana poderão ganhar até 100 vezes mais na coleta e venda de produtos eletrônicos descartados. Trata-se do Projeto Eco-Eletro – Reciclagem de Eletrônicos, que tem como objetivo capacitar esses trabalhadores para aumentar sua renda e evitar que o material de informática seja descartado em locais inadequados, causando problemas ambientais.
O projeto foi desenvolvido pelo Laboratório de Sustentabilidade em Tecnologia da Informação e Comunicação (LASSU) do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais (PCS) da Poli, em parceria com o Instituto GEA, uma organização não governamental. O Projeto tem duração de 2 anos. Serão treinados 180 catadores de materiais recicláveis, que também terão o papel de replicador de conhecimento.
A iniciativa surgiu a partir do trabalho dessa ONG com cooperativas de catadores, que constatou que esse tipo de resíduos é tratado de maneira inadequada, causando risco de contaminação pelos elementos tóxicos contidos nos eletrônicos, além de serem vendidos por baixo preço. “O Instituo GEA nos procurou para que elaborássemos em conjunto uma proposta a ser apresentada à seleção pública da Petrobras de projetos sociais – Programa Desenvolvimento e Cidadania”, conta a professora Teresa Cristina Carvalho, do PCS, coordenadora do Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática (CEDIR). “Dos 5.183 projetos que foram apresentados em 2010, o nosso foi um dos 113 aprovados para recebimento de patrocínio.”
O projeto prevê a realização de 18 cursos teóricos, um por mês, com duração de uma semana ou 20 horas, para turmas de 10 catadores. Em seguida, os alunos passam por um estágio prático também com uma semana de duração, mas com 40 horas, nas instalações do CEDIR e LASSU, coordenado pela equipe do CEDIR. Desde abril, tem sido ministrado um curso por mês. Nos cursos, os catadores aprendem o que é lixo eletrônico e como manuseá-lo corretamente, para que não se contaminem com as substâncias tóxicas presentes nele. “Caso haja necessidade de descarte, ensinamos como deve ser feito, para evitar danos ambientais”, diz ela. “Também mostramos que se o lixo eletrônico for desmontado em suas partes pode render mais, que é um dos objetivos principais do projeto.”
Alguns dias depois de concluídos o treinamento, são realizadas visitas técnicas às cooperativas de origem dos alunos, para acompanhamento e monitoramento. Segundo Tereza Cristina, a avaliação das turmas que já fizeram o curso foi positiva. A maioria dos alunos conseguiu aprender o que foi passado pelos professores. “Apesar disso, ainda há pequenos problemas”, diz a coordenadora do CEDIR. Um deles é a necessidade de juntar um grande volume de lixo eletrônico para conseguir um bom preço. “Isto está sendo resolvido por meio da criação de redes envolvendo varias cooperativas de uma determinada região da cidade. Neste contexto, o lixo eletrônico de todas cooperativas de uma rede é vendido de modo agregado e tem maior rentabilidade.”
O projeto prevê a implantação de núcleos de tratamento de lixo eletrônico nas cidades envolvidas (São Paulo, Diadema, Guarulhos, Mauá, Ribeirão Pires, São Bernardo do Campo e também baixada Santista) para separação e comercialização do produto, selecionado em rede pelas cooperativas atendidas pelo Instituo GEA. Além disso, faz parte da iniciativa a disseminação de informações à população sobre lixo eletrônico. Para isso, haverá nos cursos cinco vagas gratuitas em cada um, como ouvintes, para cidadãos, apoiadores de cooperativas, ONGs e outras instituições da sociedade civil interessados no assunto.