O Departamento de Comércio dos EUA anunciou nesta sexta-feira, 14, que abrirá mão do controle da Icann (sigla em inglês para Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números), autoridade responsável pela coordenação global do sistema de endereços e nomes de domínio da internet. A ideia é transferir esse controle para um grupo internacional a partir de 2015, cuja estrutura e administração serão determinados ao longo do próximo ano, disseram autoridades do governo, segundo o New York Times.
Desde o surgimento da rede mundial de computadores, os Estados Unidos tem sido responsáveis por atribuir os números e os domínios que formam os endereços de internet, tais como o ".com", ".gov" e ".org" , e pela grande base de dados das duas atribuições.
A decisão, na verdade, é uma resposta do governo Barack Obama às críticas de paises como Alemanha e Brasil e a defesa de vários outros de que o controle seja descentralizado, para evitar casos como as revelações de que a comunidade de inteligência dos EUA, especialmente a Agência de Segurança Nacional (NSA), interceptam o tráfego de internet para espionagem.
Mesmo nos EUA o governo tem enfrentado críticas. Na última quinta feira, 13, o fundador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, revelou que telefonou para o presidente Barack Obama para dizer que o governo americano está acabando com a confiança na internet com seus programas de espionagem.
O anúncio da decisão, contudo, deve aumentar a preocupação de muitas empresas ao redor do mundo, que dependem do bom funcionamento da internet para a sua subsistência. Desde que há alguns meses a ideia de desvincular a Icann do Departamento de Cómercio começou a ganhar corpo, muitas empresas têm expressado preocupação sobre a forma que a nova organização poderá tomar.
"Nós não queremos quebrar a internet", disse Laura DeNardis, professora da American University e autora do livro "A Guerra global da governança da internet", lançado recentemente sobre o assunto.
Para os consumidores que utilizam a internet para assistir filmes ou enviar e-mail, nada vai mudar, se tudo correr conforme o planejado. "Queremos fazer a transição com cuidado para algo que não seja apenas transferir o poder para uma das partes interessadas, mas que leve em conta os interesses da indústria, dos grandes usuários da internet, dos compradores de nomes de domínio, governos e da sociedade civil como um todo", disse DeNardis.
Lawrence E. Strickling, secretário-assistente de comunicação do Departamento de Comércio, disse que os poderes que hoje pertencem à Icann deverão ser passados para uma coalização formada por entidades de vários países. Mas adiantou: "Os EUA não vão aceitar uma proposta que substitui a Icann por uma organização liderada por governos ou intergovernamental".