Estudo aponta desigualdade na banda larga em pequenos municípios e grandes centros

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O Centro de Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) realizou um estudo sobre o acesso à Internet em municípios brasileiros com até 20 mil habitantes. O relatório aponta que, embora haja um crescimento expressivo do acesso no País durante a última década, isso aconteceu de forma desigual. Os municípios com até 20 mil pessoas, que concentram 31,6 milhões de habitantes, apresentam um percentual de usuários de Internet menor do que o verificado em grandes centros urbanos.

O estudo constatou que houve uma expansão recente da fibra óptica nesses municípios, associada ao esforço dos provedores de pequeno porte que estão ali presentes. Também houve uma substituição de alguns tipos de conexão como rádio por fibra óptica, o que foi considerado fundamental para ampliar o uso das TIC pela população e para garantir uma diversificação maior das atividades on-line.

Sobre a atuação dos provedores nessas cidades, observou-se variação significativa entre as localidades investigadas quanto a aspectos organizacionais e administrativos. Segundo o estudo, o grau de profissionalização dos provedores impacta diretamente a qualidade dos serviços oferecidos e os níveis de conectividade dos municípios.

Por outro lado, a pesquisa constatou que ainda há barreiras importantes à conectividade em áreas rurais, remotas e de difícil acesso em função do custo de expansão da fibra óptica, da falta de energia elétrica, e da instalação e manutenção das torres no caso da conexão via rádio. Também há características geográficas que, segundo os dados do relatório, dificultam o alcance do sinal ou atrapalham sua estabilidade.

Inclusão digital

Nas empresas locais, a ampliação da conectividade permitiu adoção e uso mais intensivo de sistemas administrativos informatizados e software, oferta de serviços públicos digitais e avanços na transparência de seus dados entre as prefeituras.

No entanto, o relatório também aponta para a reduzida presença de departamentos de tecnologia da informação entre as prefeituras. Ainda que serviços públicos on-line tenham sido expandidos, a maioria das interações entre administração municipal e cidadãos tem sido de caráter informacional.

Uma das principais constatações do documento foi a relativa ausência de políticas públicas locais voltadas ao enfrentamento das desigualdades no acesso e nos usos das tecnologias em pequenos municípios.

Os entrevistados também destacam barreiras de custo financeiro para contratação de planos com maiores velocidades, que afetam especialmente os mais vulneráveis; falta de habilidades digitais, sobretudo de alguns grupos nas áreas rurais e idosos; e carência de dispositivos de acesso adequados.

Metodologia da pesquisa

O relatório foi produzido em duas etapas com a participação do Programa de Acesso Digital (DAP) da Embaixada Britânica no Brasil e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), com base em dados coletados pelas pesquisas do Cetic.br e em dados fornecidos pela Anatel.

Na etapa quantitativa, os pesquisadores selecionaram 485 municípios, que foram divididos em quatro agrupamentos a partir dos indicadores de conectividade (acessos) e capacidades locais (atributos relacionados à qualidade e segurança dos serviços ofertados pelos provedores e serviços públicos on-line e políticas de inclusão digital implementadas pelas prefeituras). O objetivo foi entender o que influenciava os diferentes níveis de conectividade nos municípios, e averiguar o quanto as capacidades dos provedores e dos governos locais poderiam explicar essas diferenças.

Já na etapa qualitativa, foram entrevistados gestores de prefeituras e de provedores, além de lideranças locais, e realizados grupos de discussão com residentes em 20 cidades nas cinco regiões brasileiras. A análise dos dados se baseou nas seguintes dimensões: capacidades dos provedores e dos governos locais, qualidade e segurança dos serviços ofertados pelos provedores, políticas de inclusão digital, usos das tecnologias pela população e barreiras à conectividade.

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