Indústrias instaladas no Brasil não têm cultura de inovação, diz especialista

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O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o bioquímico Jorge Almeida Guimarães, avalia que investimento do setor empresarial brasileiro em inovação tecnológica "é mínimo" e "ridiculamente baixo". Segundo ele, a principal fonte de inovação na economia moderna são as patentes obtidas pelas indústrias. "No Brasil, no entanto, as empresas não fazem patentes, porque a nossa indústria não é nossa ou, então, porque tem a estrutura muito familiar", observou. "Quando morre o patriarca, os herdeiros querem o dinheiro para viver a vida. Por isso, o investimento é muito pequeno", acrescentou Guimarães.
As patentes asseguram faturamento às empresas além da comercialização direta dos produtos. O dinheiro também remunera inventores e laboratórios de desenvolvimento. Por essa razão, nas principais economias do mundo o investimento da iniciativa privada em pesquisa e desenvolvimento costuma ser muito maior que o do Estado.
Conforme dados do Ministério da Ciência e Tecnologia, as empresas nos Estados Unidos investem um valor correspondente a 1,86% do Produto Interno Bruto (PIB) em patentes contra 0,75% do governo. Na Coreia, 2,46% são provenientes da iniciativa privada e 0,86%, do Estado. No Japão, a distância é maior: 2,68% vêm das empresas e 0,54%, do governo. Os investimentos do governo do Japão são proporcionalmente iguais ao do governo brasileiro, mas a iniciativa privada aqui só investe 0,57% (incluído aí os gastos da Petrobras e de outras estatais).
Segundo Guimarães, a situação tem feito com que as universidades se tornem importantes fontes de inovação e de criação de empresas encubadoras de tecnologia. O caminho tende a ser reforçado com o programa Brasil sem Fronteiras que o governo prepara-se para lançar. A Capes e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) terão como missão custear em quatro anos 75 mil bolsas no exterior nas áreas de tecnologia, especialmente em engenharia.
A conta do governo é que faltam engenheiros para desenvolver inovação tecnológica. Apesar do aumento do número de pessoas concluindo o curso superior – de 324 mil (2000) para 800 mil (2009) – o percentual de engenheiros formados caiu de 7% para 5,9%, entre os mesmos anos.
A falta de engenheiros é apontada como um gargalo para o crescimento do país. Empresas instaladas e potenciais investidores avaliam, inclusive, a possibilidade de ter que contratar mão de obra estrangeira para trabalhar na exploração de petróleo, projetos de infraestrutura e da construção civil e em tecnologia de informação e comunicações – como a indústria de tablets que receberá benefícios fiscais para investir no Brasil. As informações são da Agência Brasil.

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