Vinte anos depois da Rio 92, quando foram tomadas decisões importantes que resultaram, por exemplo, na Agenda 21 (medidas de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica) e nas Convenções sobre o Clima e Diversidade Biológica, a Rio+20 se propõe a discutir formas de tornar mais eficientes as iniciativas socioambientais e consolidar o que chamam de economia verde – com metas a serem cumpridas entre 2015 e 2030.
Cada vez mais a população mundial se dá conta da importância da erradicação da pobreza e da preservação dos recursos naturais do planeta. De modo geral, as pessoas já sabem que podem adotar ações sustentáveis, como abastecer o carro com combustíveis limpos, como o etanol, aderir à carona solidária ou à bicicleta como meio de transporte, abolir o uso do automóvel para realizar tarefas que podem ser feitas pela internet – como compras de supermercado e transações bancárias –, não jogar lixo na rua, aproveitar ao máximo a luz natural nos ambientes, reduzir o consumo de água, desligar equipamentos quando não estão sendo usados, imprimir somente o que for imprescindível, preferir papéis reciclados, evitar descartáveis plásticos, diminuir o consumo de carne vermelha, separar e reciclar o lixo e muito mais.
Na esfera corporativa, entretanto, é preciso um esforço maior para estabelecer medidas sustentáveis com base em um trabalho de informação junto aos dirigentes e colaboradores. Na área de TI, por exemplo, ainda há muito que ser feito. Se há poucos anos um gestor de TI decidia seus investimentos com base exclusivamente no desempenho tecnológico e nos custos dos equipamentos e mão de obra, hoje há que se levar em conta o uso racional de energia, suprimentos, espaço e destinação final de equipamentos obsoletos antes de tomar uma decisão. É o que o mercado classifica como ‘TI Verde’. Sustentabilidade, definitivamente, é um tema que participa cada vez mais das decisões nas empresas ecorresponsáveis. E não adianta “parecer verde”. É necessário que a empresa efetivamente assuma um comportamento socioambiental responsável, pois o mercado está muito atento.
Outro ponto relevante diz respeito à “pegada de carbono”. Primeiramente, é preciso entender corretamente do que se trata. De acordo com o Instituto Carbono Brasil, pegada de carbono é a média do impacto das atividades humanas sobre as emissões de gases do efeito estufa. Ou seja, durante todo o ciclo de vida de um produto, por exemplo, várias etapas liberam esses gases, como extração e transporte de matéria-prima, energia utilizada na fabricação, perdas no processo, transporte do produto final, estocagem e descarte. Para reduzir a pegada de carbono, então, é necessário diminuir o consumo de energia e utilizar fontes renováveis, reduzir o consumo de matérias-primas, eliminar perdas e desperdícios nos processos e endereçar resíduos e produtos obsoletos à reciclagem.
Vale ressaltar que a pegada de carbono impacta tanto na obtenção de créditos de carbono – que podem ser negociados no mercado internacional –, como no índice de sustentabilidade empresarial (ISE), que busca estimular a responsabilidade ética nas corporações através de uma análise comparativa com base na eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa de empresas listadas na BM&FBOVESPA.
Nesse cenário, é importante que as empresas e as áreas de TI cumpram dois papéis fundamentais: primeiramente, o de adotar ações de responsabilidade socioambiental em todos os seus quadros; depois, o de participar ativamente do desenvolvimento, adoção e aplicabilidade das ferramentas de TI necessárias à medição e análise desses índices (pegada de carbono e ISE), tendo em conta que são processos extremamente volumosos e complexos.
Jeferson Mantovani é gerente de negócios da Unione – unidade Campinas (SP)