A partir de março deste ano, a nossa vida mudou completamente e algo novo que pouco discutíamos passou a ser normal nos noticiários: a busca pelo “paciente zero”. O que significa isto? “Paciente zero” é primeira pessoa infectada por uma doença viral ou bacteriana, pois a identificação dela nos ajuda a entender como o vírus ou bactéria se propagou no mundo ou em um país.
Para ilustrar a importância da rastreabilidade e como nesta pandemia o tempo não passa, Março já parece um tempo bem distante na nossa memória, e agora no mês de Junho já temos um app lançado pela SAP, na Alemanha, chamado Corona-Warn-App. Ele foi criado em parceria com a Google e Apple e emite avisos caso uma das pessoas que tenha feito o donwload esteja contaminada e próxima a você. Sabe quantos downloads foram feitos? Cerca de 6,5 milhões em 24 horas.
Estes exemplos mostram que, com o coronavírus, o tema rastreabilidade passou a ocupar um papel de destaque. Para o cidadão comum, ficou clara a importância de compreender a origem de determinados problemas para que então seja possível desenhar estratégias de combate e planos de ação. Assim como a rastreabilidade é bem-vinda no enfrentamento de crises sanitárias, ela também exerce um papel preponderante na indústria alimentícia.
A segurança do alimento é uma prioridade para qualquer fabricante atuando nessa indústria. Ao longo do seu ciclo de produção, um alimento pode passar por algumas dezenas de etapas entre processamento e envase, algumas 100% automatizadas e outras que contam com a participação de operadores. No caso de falhas, ferramentas de rastreamento servem de aliadas dos fabricantes, auxiliando na resolução do problema de forma rápida e assertiva tão logo ele seja identificado.
Como um impacto colateral positivo, a rastreabilidade também contribui para elevar a segurança dos alimentos produzidos. Ao rastrear um problema até a sua origem, fabricantes desenvolvem um olhar ampliado sobre a sua cadeia de produção, sendo capazes de criar protocolos e mecanismos que evitem que o mesmo problema se repita no futuro.
Atualmente, as máquinas de processamento e envase instaladas na indústria podem ser conectadas em um único ambiente virtual, facilitando a elaboração de análises e relatórios de desempenho da produção, bem como a rastreabilidade de lotes específicos. Da chegada da matéria-prima até o envio dos produtos fabricados para centros de distribuição, todos os processos realizados na indústria podem ser monitorados e armazenados em servidores, criando um histórico completo da produção.
O uso da rastreabilidade na indústria de alimentos é especialmente interessante para identificar falhas ainda em estágio inicial, de forma que seja possível tomar ações proativas e corretivas que evitem a continuidade do problema. Ao identificar falhas no processo e tomar ações de forma antecipada, a indústria mitiga impactos financeiros ocasionados pela perda da produção e evita crises de reputação, caso produtos inadequados cheguem ao mercado – cabe salientar que, neste caso, a crise de imagem pode levar a perdas financeiras simplesmente incalculáveis.
Ainda que os benefícios da rastreabilidade se traduzam com mais facilidade para gestores atuando na indústria, é fato que o consumidor também tem muito a ganhar a partir do momento em que ele sabe os processos pelos quais um produto passou antes de chegar às suas mãos. Uma mudança que já ganhava corpo e que foi acelerada pela pandemia foi justamente a transparência sobre o caminho percorrido por um produto em seu processo de fabricação.
Por exemplo, ao escanear um código impresso em uma das laterais da embalagem, o consumidor pode receber em seu celular informações como nome e local de fornecedores de matérias-primas, detalhamento de todos os ingredientes utilizados em sua composição, modelo de processamento aplicado à sua produção. Ao fazer isso, o fabricante adiciona uma camada de transparência que o consumidor tem demandado e valorizado, colocando em melhor posição as marcas que caminham nesta direção.
Em linhas gerais, a rastreabilidade não deve ser vista unicamente como uma ferramenta de controle de qualidade e da produção, mas como uma poderosa ferramenta de confiança em gestão para a indústria – com o benefício de também trazer ganhos para o modelo de comunicação entre marcas e consumidores. Assim como a rastreabilidade tem se mostrado importante para o enfrentado da crise sanitária causada pelo novo coronavírus, ela também é fundamental para a operação de fabricantes de alimentos e bebidas.
Edison Kubo, diretor de Portfólio de Serviços da Tetra Pak para as Américas.