Para os especialistas em gerenciamento de projetos a resposta certamente será: nenhuma, para quem já teve a oportunidade de trabalhar com projetos na área de TI e se deparou com a gestão de projetos nas duas áreas lembrará sem grande esforço das diferenças e principalmente das dificuldades.
O primeiro e talvez o maior desafio esteja na definição do escopo, montar uma infraestrutura de TI com componentes físicos como servidores, roteadores, switchs e tantos outros que são implantados em ambientes de datacenter, com sala cofre, ar condicionado cabeamento estruturado para atender uma quantidade de cliente e usuário, é de fácil entendimento e para quem já esteve em um ambiente semelhante é fácil a visualização.
Definir o escopo de um desenvolvimento de sistemas é algo bem mais complicado, por mais que existam uma infinidade de aplicações, o cliente sempre imagina algo que ele não sabe muito bem os detalhes, o pré-venda acredita que tenha entendido o que o cliente precisa e quem irá implantar fará algo diferente. Para quem não entendeu nada, um exemplo corriqueiro é a implantação de um ERP, empresas enormes como a Microsoft ou SAP possuem décadas de experiência nos mais diversos países no desenvolvimento e implantação desses sistemas, porém não existe uma empresa, principalmente as brasileiras que irão implanta-lo sem alteração.
Claramente a definição de escopo para os dois tipos de projetos é uma atividade bem mais trabalhosa nos projetos de desenvolvimento de sistemas do que nos de infraestrutura, o próximo desafio, talvez até maior do que a definição do escopo é com a formação do time.
Os profissionais especializados em infraestrutura têm em sua maioria uma carreira estável, com muitos anos na mesma empresa e sólidos conhecimentos, os que atuam em desenvolvimento de sistemas ao contrário são profissionais instáveis, com frequência mudam de empresa, na maioria das vezes sem grande comprometimento com o projeto, essa diferença ocorre porque existe no mercado uma enorme demanda por profissionais com especialização em desenvolvimento.
O resultado para o projeto com a difícil administração de pessoal é a perda do conhecimento do projeto, o aumento dos custos e dos prazos.
A fase de encerramento também difere-se muito de um tipo de projeto para outro, em infraestrutura não existe muito espaço para alteração de escopo depois do projeto pronto, imagina o trabalho e os custos em alterar de local os equipamentos, nesse tipo de projetos as alterações limitam-se em mudar algumas configurações para se incluir uma rede ou uma facilidade a mais.
Em compensação os projetos de softwares a cada dia tornam-se sem fim, a necessidade de alteração de escopo e inclusão de novas funcionalidades são infindáveis, afinal qual dificuldade terá o desenvolvedor em colocar apenas mais um botãozinho na tela ou trocar um layout, acrescenta-se o aperto com os prazos o que tornou corriqueiros o deploy de aplicações semiacabadas com o objetivo de mostrar para o contratante que alguma coisa está no ar.
Soluções para acabar com essas diferenças, a cada dia está mais difícil, a demanda por aplicação é maior do que por ambientes de infraestrutura, a baixa qualificação dos profissionais somado a prostituição das empresas por redução de custos está deixando o mercado de projetos de software contaminado e a vida do gerente de projetos uma loucura.
Alberto Parada, co-fundador do Descomplicado Carreiras (Sistema de orientação de carreira), Colunista e Palestrante especializado em carreiras, atua há mais de 25 anos como executivo no mercado de tecnologia em empresas como: Sênior, IBM, Capgemini, Fidelity, Banespa, e mais de 12 anos como Professor Universitário no Lassu-USP FAAP e FIAP. Formação em administração de empresas e análise de sistemas, com especialização em gerenciamento de projetos e mestrando em Gestão de Negócios pela FIA, voluntário no HEFC hospital de retaguarda para portadores de Câncer.