O melhor destino para serviços de TI

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O Brasil ainda representa menos de 2% dos US$ 491 bilhões que movimentam o mercado mundial de serviços de tecnologia da informação (TI). Em 2007, de acordo com a consultoria IDC, o Brasil movimentou US$ 8,6 bilhões neste segmento. No ranking global de serviços de TI o País está bem posicionado, ocupando o 10º lugar e à frente dos países do grupo conhecido como BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).
O mercado interno brasileiro consome boa parte desse montante. No entanto, o Brasil começa a despontar como destino preferencial para empresas que procuram diversificar a base de suas operações de TI, seja para reduzir custos ou para mitigar riscos. O Gartner elaborou um ranking com os principais destinos offshore em TI e o País ficou entre os 30 primeiros colocados. Outro dado que reforça a participação do setor de tecnologia está na balança comercial de serviços, divulgada recentemente, posicionando a TI entre os setores que mais comercializaram serviços para o exterior em 2007.
De fato, o Brasil possui características positivas, inserindo-se ao lado de importantes players para offshoring, como Canadá, Singapura, Índia, Irlanda e o próprio Uruguai, que possui um pólo de desenvolvimento e livre comércio. Claro que ainda não estamos em pé de igualdade com nossos parceiros latino-americanos em termos de custos. O chamado ?Custo Brasil? ainda é superior, se compararmos com nações que têm o preço 20% menor, em média, nas cotações para execução de projetos de TI, caso do México, Uruguai e Chile. Nesse panorama, o que mais exerce influência é a elevada carga tributária e os altos encargos trabalhistas, apesar de muitos esforços estarem sendo feitos por parte do governo para reverter este quadro.
Mas não é à toa que companhias norte-americanas e européias têm enxergado o Brasil como um destino estratégico para migrar as operações de TI. Com uma economia cada vez mais estável, o país ganha pontos na lista das nações que concorrem para sediar projetos de TI. Essa é uma das razões que fazem com que grandes organizações deixem de centralizar seus centros de desenvolvimento de software e migrem o suporte, desenvolvimento e manutenção de sistemas e infra-estrutura para países emergentes, onde os custos de mão-de-obra são mais atrativos. Um relatório divulgado pelo Gartner indica que o desaquecimento na economia dos Estados Unidos fará com que os principais consumidores de TI considerem o aumento das atividades offshore em destinos como os países do BRIC.
Outro diferencial é que o Brasil possui um grande parque tecnológico e uma comunidade de TI com profissionais altamente qualificados. Só perdemos para os Estados Unidos na quantidade de profissionais com domínio nas linguagens de programação, como Cobol e Java. Além disso, estudo da Brasscom (Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) revela que até 2009 o Brasil terá 33.011 oportunidades profissionais na área de TI.
Mais um fator que facilita a prestação de serviços para países próximos em termos de geografia é o fuso horário, uma vez que conseguimos facilmente atender, em tempo real, países da América Latina, assim como Canadá e Estados Unidos. Neste cenário, o Brasil é visto por especialistas como uma alternativa offshore/nearshore, inclusive à própria Índia, que já começa a dar sinais de esgotamento de seu mercado interno, aliado à valorização da rúpia e ao aumento do patamar salarial. Outros importantes competidores do Brasil neste mercado são a China, a Rússia e determinados países do Leste Europeu.
Os números comprovam a continuidade do crescimento do setor de outsourcing em TI nos próximos anos, sobretudo em áreas como Business Process Outsourcing (BPO), Business Intelligence (BI), gestão e consultoria em TI. Nosso principal desafio é a formação de uma grande quantidade de profissionais com fluência em diversos idiomas, agregando tais conhecimentos a uma cultura de utilização de metodologias e processos de qualidade, algo que a Índia já traz no DNA de suas empresas de tecnologia.
Desta forma, conseguiremos suprir a demanda mundial e fazer com que a TI amplie sua contribuição para a balança comercial brasileira, incrementando nossa competitividade internacional.
Cesar Castelli é Presidente da Tata Consultancy Services (TCS) do Brasil.

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