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Cenário pós-crise: o que a Engenharia pode saber para surfar a onda da Transformação Digital?

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Um dos vetores da transformação digital é a fluidez que passa a existir no mercado e essa flexibilidade se mostrou singular com os últimos acontecimentos após a chegada do Coronavírus, que mudou a nossa forma de trabalhar. Quando analisamos as possibilidades do modelo digital, podemos identificar que os concorrentes e as principais ameaças não são mais tão triviais. Muitas vezes, os tradicionais competidores se tornam aliados e a cadeia de suprimentos não é mais linear e simples de se entender como no passado.

Em relação à tecnologia, até pouco tempo, bastava para as empresas adotarem uma linha de software de projeto e havia no mercado alguns poucos provedores e revendas que apresentavam o produto. A empresa escolhia uma solução, comprava, fazia um treinamento para a equipe e pronto, estava tecnologicamente atualizada. Depois, anualmente se preocupava com as atualizações e monitorava de forma passiva as novidades do próprio fornecedor e concorrentes, tudo de forma pontual e fácil de compreender.

Os orçamentos de TI eram corporativos e previstos para o ano. Era relativamente fácil apropriar os custos aos projetos e as variações aconteciam de forma muito simples e previsível. Os demais custos eram tradicionais de informática, no máximo a contratação de um sistema de gestão de documentos, também por meio de licença ou na modalidade de software como serviço.

A TI não tinha uma importância estratégica. Nas propostas era quase que um texto padrão anexado e atualizado de tempos em tempos. O fornecedor de TI era realmente um fornecedor. A transformação digital chegou e este cenário mudou, e mudou de forma radical.

O modelo mudou ao longo do tempo. Softwares não são mais comprados, são alugados. Assim não faz o menor sentido pensar em software fora do contexto de seu uso. Não se “compra” mais anualmente os softwares, mas se “aluga” sob demanda, de acordo com o projeto e as necessidades do projeto.

A oferta de softwares e soluções aumentou consideravelmente e não existe mais o cenário de dois ou três players, mas dezenas de possibilidades. Fica praticamente impossível eleger uma “solução para a empresa”. Com os consórcios, a terceirização e as parcerias, a qualidade que mais importa nos softwares atualmente é a capacidade de se integrar. Não é possível mais ter um formato proprietário. A tendência é que padrões internacionais de colaboração se estabeleçam como norma de mercado.

Com esta transformação, a estratégia de solução deixou de impactar apenas no custo de TI, mas passa a ter o potencial de reduzir outros custos e, principalmente, gerar valor, assim crescendo sua importância. O fornecedor de TI precisa entender do negócio do cliente, ser um agregador e ter um relacionamento muito mais profundo. As empresas de engenharia vão conhecer muito mais de TI e as empresas de TI precisarão entender de engenharia.

Por se tratar de um tema técnico, a grande barreira para esta aproximação fornecedor/cliente é o mindset do engenheiro, ou seja, a tradicional “autossuficiência” do profissional, que imagina que sabe tudo, conhece tudo e é capaz de fazer. Para desconstruir essa mentalidade, temos que nos espelhar em ecossistemas, como o automobilístico. As grandes montadoras, como o próprio nome diz, não são fabricantes, são agregadoras de um ecossistema de fornecedores e este é o grande valor agregado delas.

Marcus Granadeiro, engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, presidente do Construtivo e membro da ADN (Autodesk Development Network) e do RICS (Royal Institution of Chartered Surveyours).

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