O órgão regulador da internet na Rússia ameaçou bloquear o Twitter por considerá-lo “um instrumento global para a promoção da informação política”. Medida vem na esteira de algumas opções que o país considera em seus esforços para impor restrições ao uso da internet, segundo informa o jornal britânico Financial Times.
“Nós podemos bloquear o Twitter ou o Facebook na Rússia amanhã, em poucos minutos”, afirmou Maksim Ksenzov, chefe da Roskomnadzor, agência estatal que supervisiona a internet naquele país, em uma entrevista publicada pelo jornal russo Izvestia, nesta sexta-feira, 16. “Se em algum momento acreditarmos que as consequências em ‘desligar’ as redes sociais serão menos significativas do que os danos causados à sociedade russa pela posição não construtiva da liderança de empresas internacionais, faremos o que tiver de ser feito nos termos da lei”, acrescentou.
A declaração do chefe da agência reguladora da internet vai ao encontro da preocupação de blogueiros, defensores dos direitos civis e empresas de internet com alterações legais que poderiam transformar a esfera online, até agora livre na Rússia, em um espaço muito mais controlado.
Em fevereiro, o gabinete do procurador geral se deu o direito de ordenar os bloqueios de páginas web sem aprovação judicial, um poder que começou a ser usado extensivamente. No mês passado, o parlamento aprovou uma outra lei que trata blogueiros com mais de 3 mil seguidores no Twitter como se fossem meios de comunicação, impondo a eles a obrigação de registro. A mesma lei também torna os blogueiros responsáveis pela precisão de qualquer conteúdo publicado e inclui uma exigência para todos os serviços de internet oferecidos na Rússia em armazenar os dados de usuários no país. Ao governo foi dado o poder de multar ou bloquear aqueles que não cumprissem a implicação.
“As leis são mal escritas, e muitas das pessoas que querem estabelecer uma internet nacional separada não sabem do que estão falando”, disse um executivo sênior de um grupo russo com operações em internet e telecomunicações. Ele acrescentou que a Rússia não tinha nem os recursos nem a experiência para construir uma enorme infraestrutura de servidores e softwares necessários para operar um firewall tão eficaz como o chinês.
Tornou-se claro também nesta sexta-feira que o debate sobre o quão longe vão os rumos do controle da internet na Rússia ainda está longe de terminar. Algumas horas após a entrevista de Ksenzov ser publicada, o primeiro-ministro da Rússia, Dmitry Medvedev, escreveu em seu perfil no Facebook que, como um usuário ativo de sites de redes sociais, acredita que é necessário que a legislação russa leve em conta os interesses de todos os lados, incluindo das redes sociais e de seus usuários.