As transações bancárias por meio de dispositivos móveis do Banco do Brasil já ultrapassam aquelas feitas pela internet em desktops, informou o presidente do banco, Alexandre Abreu, durante o painel de abertura nesta terça-feira, 16, da 25ª edição do Ciab-Febraban, evento que discute a tecnologia no setor financeiro e acontece esta semana em São Paulo.
"São 800 milhões de transações no mobile (por mês), contra 400 milhões na internet", afirma Abreu. "Atualmente, apenas 3% das transações são feitas em agências bancárias".
Em entrevista a jornalistas após a palestra, o vice-presidente de tecnologia do Banco do Brasil, Geraldo Dezena, disse que a razão de o mobile ter ultrapassado a Internet no Banco do Brasil é o comportamento do usuário no cotidiano.
"O que acontece com o mobile hoje é que o cliente usa o dispositivo durante todo o dia. No desktop (computador), ele acessa apenas uma vez por dia", explica Dezena. "No mercado móvel você está vendo um crescimento de transações no smartphone".
O discurso vai ao encontro de pesquisa da Febraban para tecnologia no setor bancário. Apresentada por Gustavo Fosse, diretor setorial de tecnologia bancária da Febraban, a análise demonstra que o setor de mobile banking cresceu 127%, ante 2013, e representa 12% do total de transações bancárias no País.
Novos formatos
Alexandre Abreu ainda afirma que vê com bons olhos a entrada de novos players no mercado de pagamento. Como as empresas de tecnologia e os seus pagamentos digitais e mobile. "As próprias empresas de tecnologia mundiais se aventuraram a entrar nesse meio. Isso é saudável para o consumidor. E acho que parcerias podem acontecer nessa área", disse o presidente do BB.
Questionado se o BB deve firmar novas parcerias, Dezena afirma que o banco lançará, em parceria com a Apple, o aplicativo do BB para Apple Watch no próximo mês. Entre as funcionalidades para o usuário do smartwatch estão verificar saldo, extrato e realizar transações entre clientes do banco.
Sobre as novas modalidades de pagamentos móveis, Apple Pay e Samsung Pay, o vice-presidente de tecnologia do BB afirma que ainda não há expectativa de lançamento no Brasil, pois "depende da agenda das empresas".
Banco 2.0
Com a queda das transações nas agências bancárias, o banco apresentou um novo projeto para transformar o formato de seus pontos físicos, o "Banco 2.0". O intuito do novo trabalho é criar uma forma de atendimento remoto do gerente de contas. O gerente que fica locado na agência passa a atender apenas questões do cotidiano, deixando o atendimento dos clientes de conta para o gerente online.
"É errado achar que o cliente vai querer substituir o gerente por um smartphone ou computador. É preciso diferenciar o trabalho de atendimento do trabalho de gerente", afirma Abreu. "No entanto, você ainda tem clientes que frequentam a agência. Eles são humanos e gostam de ver humanos à frente de sua conta".
O projeto do Banco 2.0 está sendo testado em Joinville (SC) e deve ser testado tamém em Ribeirão Preto no segundo semestre. Inicialmente, apenas clientes do BB Estilo e BB Private terão acesso à nova modalidade nas duas cidades.