Escritórios no metaverso, a evolução do trabalho remoto

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Muito tem se falado sobre as adaptações e revoluções tecnológicas nos últimos anos, ainda mais com o advento da pandemia que obrigou as empresas a aumentarem a sua presença digital ou, até mesmo, iniciarem sua trajetória na internet. E com a volta do SXSW presencial, fiz questão de estar em Austin e acompanhar os insights para os próximos anos, principalmente no que se refere ao tão comentado metaverso. 

Nos últimos anos, o Metaverso vem sendo trabalhado de maneira – por assim dizer – "primitiva", por empresas de videogame. Ou seja, a nova geração – e alguns não tão jovens assim – estão, de certa forma, já imersos nesse cenário. 

E por que o mundo se voltou para o metaverso? A pandemia certamente foi um gatilho importante. Empresas que tiveram a oportunidade de seguir com o trabalho remoto, identificaram rapidamente os benefícios do novo formato, como: diminuição de custo (aluguel, estrutura, deslocamento), aumento de tempo (fora do trânsito), ganho de flexibilidade e qualidade de vida (trabalhar e morar onde quiser) e a possibilidade de contratar talentos de qualquer lugar. 

Porém, com o tempo, novos desafios foram detectados, como a diminuição na interação social, problemas de integração e até no comportamento dos profissionais que se distraem e acabam não prestando atenção de fato na reunião, realizando outras tarefas. Além disso, houve um aumento no sentimento de não pertencimento, algo que interfere diretamente na motivação, engajamento e até na produtividade. Uma pessoa que foi contratada durante a pandemia, para trabalhar de maneira remota, pode ter dificuldade de entrosamento com os demais da equipe que já estavam antes, e se conheciam do ambiente físico. 

Todo profissional, em algum momento, pode vir a passar por isso. Segundo estudo publicado pela Mckinsey, intitulado "Great Attrition or Great Attraction? The choice is yours", um dos principais fatores detectados como motivação para um pedido de demissão está 'o sentimento de não pertencimento'. E quando falamos da geração Z, esse problema tende a aumentar, assim como a dificuldade na retenção do talento e criação de vínculos. 

Por contribuir para o alcance de uma comunicação eficiente e integração, o desenvolvimento de ambientes 3D imersivos de realidade aumentada e realidade virtual (AR/VR) ganha ainda mais força. É o chamado "figital" – ou seja, a união dos atributos do ambiente físico, com os aspectos digitais e as vantagens do trabalho à distância. Por isso, algumas agências já têm feito esse movimento, com a implementação de metaversos via The Sandbox ou Decentraland, desenvolvendo a sua "digital twin", uma versão online dos seus escritórios. 

Mesmo sendo algo ainda um tanto utópico, é interessante pensar em um espaço 3D, acessado via utilização de um óculos de AR/VR (aparato tecnológico com sensor de movimento), que possibilita interagir de qualquer lugar do mundo, como se estivéssemos dentro de um mesmo ambiente e lado a lado; ou apresentar um projeto; ou até criar protótipos colaborativos. Que, além disso, espelha movimentações, expressões e gestos, possibilitando a aproximação entre as pessoas. 

Já existem algumas previsões. Segundo Bill Gates, em três anos, as reuniões serão apenas no metaverso. Já Mark Zuckerberg, prevê o meta disseminado até o final da década, por conta de custos e infraestrutura digital. Paralelo a isso, grandes empresas, como a Apple e a Microsoft, já tem se movimentado. Já existem, por exemplo, alguns apps que dão acesso à salas de reuniões 3D, um deles é o da própria Meta, o Horizon Workrooms. E com um óculos de realidade virtual, você cria seu avatar e já pode utilizar as "salas". 

Porém, a tecnologia precisa ser evoluída. Oculos ainda é um "trambolho", parece um protótipo não terminado, que custa em torno de três mil reais. De olho nesse mercado, a Ray Ban já tem iniciado uma corrida tecnológica, criando um modelo de óculos – de aparência normal – que possui um processador na haste, que comunica com o celular, exibindo as informações na tela do óculos. Esse é visto com um passo inicial, que pode vir a sanar, em breve, a questão de aparência, design e tamanho. 

Existe também uma limitação no acesso à internet banda larga de qualidade, o que impossibilita a utilização do recurso com a qualidade esperada. Por isso, esse movimento deve ser realizado primeiramente pelo setor privado, tanto pelo custo do acessório, quanto pela questão da conexão. E, dessa forma, a sua popularização deve ser atingida a longo prazo (assim como sinalizado por Zuckerberg). 

E você deve estar se questionando: será que esse investimento vale a pena? Por ter a questão da colaboração e da interatividade muito forte, que reduz ainda mais as barreiras da globalização, possibilitando o alcance de novos negócios e até o desenvolvimento de projetos antes inimagináveis como, por exemplo, a criação de um protótipo de carro totalmente colaborativo, dentro do metaverso – algo já sendo realizado, a resposta é, com certeza! 

Empresas que implementarem o metaverso ganharão vantagem competitiva, seja no seu mercado de atuação ou como atrativo profissional. Empresas vistas como inovadoras ganham destaque no quesito retração de talentos, que buscam novos modelos de trabalho, contratação e infraestrutura que possibilite o seu autodesenvolvimento e criação de projetos relevantes e reconhecidos no mercado. 

Sem falar no aumento da inclusão, já que a criação de um avatar no metaverso não precisa ter uma forma física específica, cor, sexo, ou qualquer outro atributo. Afinal, o que importa mesmo é a exposição de boas ideias. Mas esse é um assunto que merece uma atenção especial, em outro material… 

Cesar Sponchiado, founder e CEO da Tunad. 

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