Nós últimos meses, o Brasil se tornou um dos campeões em utilização de softwares baseados no modelo Cloud Computing (computação na nuvem). A velocidade com que as empresas e até o governo aceitaram essa nova forma de armazenamento de dados comprova que somos um país aberto às novas tendências mundiais de Tecnologia da Informação (TI). Não é por acaso que a consultoria IDC, uma das maiores do mundo, afirma que hoje somos o 5º país em receita de TI e Telecom, e até 2014 ultrapassaremos a receita da Inglaterra nesse mercado.
Em março, estive no IBM Pulse, evento da IBM voltado para as lideranças em Las Vegas, USA, e voltei com uma pergunta: a Internet das Coisas (Internet of Things) terá a mesma aceitação que a Cloud Computing por aqui? Apesar de não ser um conceito tão novo, vejo que, além de publicações especializadas, há pouca discussão sobre esse tema no Brasil.
Lembro-me de alguns filmes clássicos de ficção científica dos anos 90 – nos quais as máquinas tinham vida, voltando-se contra as pessoas, travando batalhas até que fossem dominadas novamente. O Exterminador do Futuro é, talvez, o exemplo que mais ficou em nossa memória. Mas se essa ficção deixasse de estar só nas telas e uma infinidade de equipamentos e objetos tivessem “vida”, e isso fosse favorável ao homem?
Pelas palestras a que assisti e os fóruns de discussão que participei em Las Vegas, não estamos muito longe disto. É possível imaginar uma infinidade de usos de softwares embarcados, capazes de interagir conosco. Uma geladeira nos ajudando a fazer compras, por saber o que tem dentro dela, qual a data de validade de cada produto, o que está faltando e qual nosso hábito de consumo de cada item. Você está com seu veículo e a concessionária interage diretamente com ele para agendar a revisão – ou ele mesmo aciona os computadores da assistência técnica para marcar um balanceamento. Não seria mais fácil prevenir problemas mecânicos e até evitar acidentes?
Imagine o sistema industrial com máquinas mais inteligentes, computando e mostrando seus gastos de energia, sua depreciação e alertando seus operadores sobre as manutenções e eventuais problemas. Ainda melhor: imagine máquinas que fizessem compras de insumos automaticamente, detectando logicamente quais os melhores preços e a qualidade, “entendendo” o impacto que suas “escolhas” promoverão no preço final do produto por elas fabricado.
Num país como o nosso, com sérios problemas de infraestrutura, todos os avanços tecnológicos são bem-vindos. Claro que ainda temos muito que avançar na melhoria da educação e no acesso à tecnologia, mas, sem dúvida, a partir do momento em que as nossas “coisas” forem mais inteligentes, teremos muito a ganhar. Assim como nossas pequenas e médias empresas estão sendo mais competitivas com a tecnologia, as pessoas serão mais produtivas se deixarem o trivial por conta das máquinas inteligentes.
César Griebeler é gerente de produto ERP e Cloud Computing na desenvolvedora de software Senior.
César parabéns pela iniciativa de fomentar um assunto importante e que vem ganhando destaque em grandes corporações como a Oracle/Sun. Vi um link (http://www1.folha.uol.com.br/tec/2013/09/1344352-menor-computador-do-mundo-raspberry-pi-pode-ser-fabricado-no-brasil.shtml), que mostra que a tendência do “IOT”(Internet Of Things) que somos considerados e reconhecidos como um público em potencial para essa tendência.
Mais uma vez Parabéns.
César,
A IoT já chegou ao Brasil com outro nome. Dentre os aproximadamente 8 milhões de equipamentos conectados (segundo Anatel), pelo menos 4 milhões (minha estimativa) são máquinas que funcionam sem interação humana direta.
IoT é M2M, ou no jargão desse segmento, Telemetria.