A Snap, controladora do aplicativo de compartilhamento de textos e fotos Snapchat, encaminhou confidencialmente o prospecto preliminar de oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A empresa fez o depósito junto à Securities and Exchange Commission (SEC), órgão que regula as empresas cotadas em bolsa nos EUA equivalente à CVM no Brasil, antes da eleição presidencial nos EUA, e a surpresa da vitória de Donald Trump não afetou seus planos de abrir capital já em março de 2017, segundo o The Wall Street Journal, citando pessoas familiarizadas com o assunto.
Um IPO poderá valorizar o Snapchat entre US$ 20 bilhões e US$ 25 bilhões — o jornal americano informou no mês passado que o valor de mercado da empresa poderia atingir US $ 25 bilhões ou mais, mas as fontes não disseram o que levou a avaliação para baixo.
Se a empresa avançar com o IPO, mesmo com a avaliação atual, ainda assim será a maior oferta pública inicial no setor de tecnologia, desde que a empresa chinesa de comércio eletrônico Alibaba fez sua estreia na Bolsa de Nova York em 2014, com valorização de US$ 168 bilhões.
A oferta também poderia dar impulso ao mercado de IPO nos EUA que teve um ano sombrio — apenas 103 empresas listaram suas ações nas bolsas americanas neste ano, arrecadando US$ 21,8 bilhões, de acordo com Dealogic. O montante é bem baixo dos US$ 34,6 bilhões arrecadados com as 165 ofertas iniciais realizadas no ano passado e marca o menor nível de negócios desde 2009.
Banqueiros e investidores estão otimistas de que uma estreia bem-sucedida na bolsa do Snapchat poderia convencer outras empresas de grande porte a realizar IPO. O desempenho forte das poucas ações de empresas de tecnologia que começaram a operar neste ano deu confiança aos investidores de que o mercado de novas emissões deve se recuperar no ano que vem.
A Snap se tornaria a primeira de um pequeno grupo de empresas financiadas por capital de risco altamente valorizadas e estreitamente monitoradas, a testar o mercado de capitais.
O arquivamento confidencial do prospecto preliminar de IPO se deve ao fato de a Snap esperar menos de US$ 1 bilhão em receita neste ano. De acordo com o "Jumpstart Our Business Startups Act" (Jobs Act, na sigla em inglês), lei sancionada pelo presidente Barack Obama em 2012 para facilitar o acesso ao mercado de capitais das startups, empresas com receita anual inferior a US$ 1 bilhão têm a opção de apresentar um esboço inicial de seu prospecto de IPO aos órgãos reguladores e fazer ajustes antes de revelá-lo ao público. O Morgan Stanley e o Goldman Sachs Group atuarão como garantidores do IPO da Snap.
Com apenas quatro anos no mercado, a empresa, conhecida por permitir que os usuários enviem mensagens e fotos que desaparecem de seus smartphones, registrou rápido crescimento de receita desde que começou a emitir informes em 2014. A empresa disse a investidores no início deste ano que esperava receita entre US $ 250 e US$ 350 milhões neste ano e US$ 1 bilhão, em 2017. Em 2015, a Snap gerou apenas US $ 60 milhões em receita.