A crise internacional impactou o consumo de eletroeletrônicos no Brasil e levou a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica(Abinee) rever para baixo o crescimento do setor para este ano, o qual deve ficar na casa dos 4%, com faturamento de cerca de R$ 128,56 bilhões, ante a estimativa feita em dezembro de incremento de 7%, com receita de R$ 132,8 bilhões.
"A crise gerou uma incerteza nos consumidores, que acabaram reduzindo os gastos. Esse fato impactou fortemente a indústria, resultando em uma menor demanda dos produtos, e os resultados dos pedidos menores devem ser sentidos neste ano", analisa Humberto Barbato, presidente da Abinee.
Para este ano, a Abinee estima que o setor de informática deverá apresentar faturamento de R$ 39,51 bilhões, o que, se confirmado, representará um crescimento de 12%. As vendas de PCs devem se manter praticamente estagnadas em relação a 2008, ou seja, em 12 milhões de unidades, dos quais 6 milhões serão de desktops, queda de 22%, e 6 milhões de notebooks, alta de 40%.
Já para o setor de telecomunicações, a Abinee prevê receita 9% inferior, de R$ 19,6 bilhões, impactada principalmente pela desaceleração nas vendas de celulares, já que a produção deve ser 29% inferior no período, caindo para 52 milhões de unidades, ante as 73 milhões de 2008.
Segundo Castelo Branco, a indústria de celulares deve apresentar uma queda de 29% no faturamento neste ano, enquanto que a parte de infraestrutura de telecom deve obter receita 6% maior no período.
No ano passado, a indústria de eletroeletrônicos faturou R$ 123,09 bilhões, alta de 10% em relação a 2007. Os destaques ficaram por conta do setor de informática e de telecomunicações. A indústria de informática obteve faturamento de R$ 35,27 bilhões, aumento de 12%. As vendas de PCs fecharam o ano em 12 milhões de unidades, 20% superiores a 2007. Do total, 4,3 milhões se referem a notebooks (crescimento de 125%), enquanto as vendas de desktops caíram 5%, ficando em 7,7 milhões de unidades.
Já o setor de telecomunicações fechou o ano com receita 23% superior, de R$ 21,54 bilhões. A produção de aparelhos foi de 73 milhões, 7% a mais do que em 2007.
Apesar disso, os efeitos da crise impactaram fortemente os resultados das empresas a partir de outubro do ano passado. Na comparação anual, o setor de informática vinha crescendo a taxas de 5% no primeiro trimestre, 12% no segundo e 14% no terceiro trimestre. Mas quando se compara os últimos três meses do ano com o mesmo período de 2007, a indústria de informática, puxada principalmente por PCs, viu seu faturamento cair 10%.
O mesmo caminho trilhou a indústria de telecom, que após registrar aumento de 38%, 30% e 33% nos três primeiros trimestres do ano, respectivamente, viu seu faturamento aumentar apenas 8% no quarto trimestre, devido às vendas menores de celulares.
Nos primeiros três meses deste ano, principalmente em janeiro, os efeitos ainda devem ser sentidos fortemente pelas indústrias de informática e telecomunicações , os varejistas e operadoras ainda têm estoques de PCs e celulares remanescentes do Natal, o que deve refletir em menores compras com a indústria.
"É um período no qual os varejistas e operadoras realizam o equilíbrio dos estoques, por esse motivo compram menos com a indústria, o que deve impactar negativamente os resultados. Janeiro sempre é uma incógnita", frisa Paulo Castelo Branco, diretor de telecomunicações da Abinee.
Além disso, os resultados do período devem ser fortemente impactados pelo período de férias coletivas concedidos pelas empresas no fim do ano passado e pelos problemas com a produção devido à lei da licença prévia de importação, que durou apenas alguns dias.
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