Para CNSeg, faltam soluções para gestão de processos críticos no setor de seguros

0

Apesar da enorme demanda por sistemas voltados à gestão de processos críticos, o setor de seguros no Brasil direciona a quase totalidade dos investimentos em IT para soluções destinadas aos chamados processos secundários, como ERP, CRM e controle de documentos. Este é o cenário traçado por Roberto Almeida, presidente da Comissão de Processos e Tecnologia da Informação da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg). A razão disso, segundo ele, é a inexistência de soluções acessíveis e personalizadas no mercado para processos críticos primários da área de seguros.

“Existe a falsa impressão de que as seguradoras não investem em TI, mas elas seguem a média do mercado”, defende Almeida. Ela cita uma pesquisa do Instituto Sem Fronteiras, a qual prevê em R$ 64,6 bilhões os gastos das empresas brasileiras em tecnologia da informação neste ano, para mostrar que nesse montante estão computados os investimentos das companhias de seguros. “Entre as seguradoras, não é diferente. Mas, hoje, boa parte do desenvolvimento de sistemas é feito por equipes internas”, completa o executivo, que participou neste fim de semana do Insurance Service Meeting, congresso que reúne seguradoras para discutir o impacto das tecnologias nos negócios do setor, em Angra dos Reis, litoral do Rio de Janeiro.

Segundo ele, os processos primários, desde o cálculo de riscos até a precificação de cada modelo de seguro, são sigilosos porque definem a lucratividade dos negócios. “Por isso, as grandes companhias de seguros estão passando agora pela fase de integração e modernização das soluções e sistemas estratégicos desenvolvidos internamente, com objetivo de manter o sigilo dos processos. É o segredo de cada negócio, formatos robustos que não podem sair do ar em momento algum”, explica.

Almeida não vê, ao menos no curto prazo, perspectivas de mudança nesse cenário, pois há outras áreas da TI que já conseguem atender as demandas com eficiência. Assim, as empresas buscam nas soluções empacotadas reduzir custos e dar mais agilidade aos negócios,  seja em software ou até mesmo na melhoria da infraestrutura com soluções na nuvem, por exemplo. “É o caso também do big data, no qual as empresas deverão investir bastante.”
.
Na avaliação do executivo, as soluções de big data deverão ser aplicadas especialmente para prevenção de fraudes, como nos próprios sistemas da CNSeg, responsáveis por cruzar dados de cadastros nacionais, como o Renavam, Previdência Social, entre outros, para detectar eventos e evitar golpes. Almeida explica que soluções de big data aliadas às de business intelligence (BI) permitem o compartilhamento de eventos. “A cada sinistro ou seguro acionado, é possível verificar se o segurado gerou um resgate ou a abertura de planos em outras seguradoras, e identificar prováveis fraudes”, conta.

De acordo com o presidente da CNSeg, a maior dificuldade hoje não está na adoção da TI pelas companhias de seguradoras, mas na conscientização delas para a importância do compartilhamento das informações. “Afinal de contas, nenhum sistema funciona sem dados”, conclui.

*A jornalista viajou a Angra dos Reis a convite da CNSeg.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.