Zuckerberg afirma: neutralidade e zero-rating podem coexistir

0

Em resposta a recentes críticas na Índia ao projeto Internet.org, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, publicou nesta sexta, 17, na própria rede social, um post no qual afirma defender a neutralidade de rede em conjunto com a universalização. O argumento é que a plataforma precisa ter viabilidade econômica para operadoras e para ela própria poder promover a conectividade. Além disso, ele acredita que a prática de acesso patrocinado — o zero-rating — e a neutralidade "podem e devem coexistir".

"Se alguém não pode pagar por conectividade, é sempre melhor ter algum acesso do que nenhum", defende-se. Ele alega que o projeto não bloqueia e/ou estrangula o tráfego para outros serviços, tampouco cria vias rápidas – embora deixe claro mais tarde de que oferecer acesso irrestrito seria inviável. "Estamos abertos a todas as operadoras móveis e não vamos impedir ninguém de se juntar. Queremos ter tantos provedores de internet e pessoas se conectando quanto possível."

Zuckerberg afirma ainda que os argumentos sobre a neutralidade de rede "não deveriam ser utilizados para prevenir que pessoas carentes na sociedade ganhem acesso, ou tirar a oportunidade dessas pessoas". O ponto dele é: tais programas são necessários para diminuir a desigualdade digital.

Em respostas a críticas no próprio post no Facebook, ele alegou que é "muito caro deixar a Internet inteira de graça", e que as teles gastariam muito para manter esse tráfego. Dessa forma, o modelo de oferecer "alguns serviços básicos" seria sustentável. Além disso, ele diz que não é o Facebook – ou o Internet.org – que escolhe os serviços a serem disponibilizados. "Nós trabalhamos com governos locais e operadoras móveis para identificar os serviços locais em cada país", disse ele em resposta.

O CEO do Facebook responde às críticas de que o acesso a alguns serviços gratuitos fere o conceito de neutralidade de rede. "Eu discordo fortemente disso", diz. "Nós suportamos totalmente a neutralidade de rede. Nós queremos manter a Internet aberta."

Caso indiano

Nesta semana, a agência reguladora indiana, a Telecom Regulatory Authority of India (Trai), deu início a um processo de consulta pública da prática de zero-rating por parte de serviços over-the-top (OTT). A polêmica naquele país começou com o caso da operadora Airtel, que lançou um plano com a iniciativa Internet.org, oferecendo acesso gratuito a alguns serviços. Mas nem todos receberam a notícia de bom grado. Na última quarta-feira, 15, a plataforma de viagens Cleartrip, que fora convidada pelo Facebook, resolveu se retirar do projeto, alegando que "repensou a abordagem da Internet.org" por conta do envolvimento de grandes corporações "na escolha de quem tem acesso ao que e com que velocidade".

De acordo com Mark Zuckerberg, o Internet.org já está em funcionamento em nove países e atende – ou pelo menos cobre – mais de 800 milhões de pessoas. Na Índia, os serviços utilizam a rede Reliance para certas localidades. Nesta sexta-feira foi lançado na Indonésia, com a rede da Indosat.

No final da semana passada, o CEO do Facebook e a presidenta Dilma Rousseff anunciaram acordo para trazer a Internet.org ao Brasil. A parceria, no entanto, antecipou-se ao debate sobre a inclusão desse modelo de acesso como regulamentação da exceção à neutralidade no Marco Civil, ponto que ainda está em consulta pública na Anatel e no Ministério da Justiça.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.