Transparência, tempo e técnica: o que a IA generativa realmente muda no jurídico

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O departamento jurídico das grandes empresas opera sob um equilíbrio delicado: alto volume, múltiplas áreas de risco, exigência por previsibilidade, e pouco espaço para ineficiências. Em estruturas que já lidam com a complexidade como rotina, cada minuto precisa estar a serviço da decisão certa. A inteligência artificial generativa não chega para resolver um problema de capacidade. Ela entra para reorganizar o tempo jurídico com mais critério técnico, previsibilidade e estrutura. Vai além da automação. Ela capta dados diretamente da origem, cruza com informações internas, classifica por risco e entrega subsídios prontos para acelerar respostas e fortalecer decisões.

Na prática, fluxos que antes exigiam extração manual, validações fragmentadas e esforço repetitivo agora podem acontecer de forma contínua, com IA gerando pré-contestações, sugerindo caminhos de defesa e conectando automaticamente sistemas jurídicos e financeiros. Segundo o McKinsey Global Institute, a IA generativa pode assumir atividades que representam até 30% das horas trabalhadas em setores complexos. No jurídico, isso significa deslocar esforço das tarefas operacionais para aquilo que exige leitura crítica, posicionamento técnico e capacidade de orientação institucional.

Com a estrutura certa, a IA se torna uma camada técnica supervisionada. Cada fluxo pode ser parametrizado conforme o modelo de risco da empresa, com rastreabilidade, histórico e aderência às diretrizes internas. Em setores regulados ou companhias listadas, isso representa mais do que eficiência: garante conformidade e governança. A lógica dos SLAs também muda. O tempo não corre mais contra o jurídico, ele começa com a informação estruturada, validada e pronta para orientar.  O que antes era reativo, passa a ser estratégico.

Em operações com alto volume de litígios, isso representa não só agilidade, mas padronização, controle e segurança na ponta da execução. O uso de IA generativa no jurídico é realidade em consolidação. O que diferencia as organizações agora é a forma como estruturam esse uso: com clareza, integração e aderência institucional. Transparência não é mais um valor aspiracional. É um padrão técnico que sustenta o jurídico moderno, estratégico, confiável e indispensável.

Cláudio Bernardo, Sócio e Chief Revenue Officer da Docato.

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