Inteligência Artificial pode gerar negócios variando entre R$ 3,5 trilhões e R$ 5,8 trilhões

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A pesquisa Notes From The AI Frontier, realizada pelo Mckinsey Global Institute em mais de 20 países, identificou um potencial de geração de valor anual através do uso de inteligência artificial entre US$ 3,5 trilhões e US$ 5,8 trilhões. O estudo aponta o comércio como um dos três setores que mais pode se beneficiar com a tecnologia, com uma geração de valor na casa dos US$ 800 bilhões ao ano em sua receita anual.

Essas aplicações já se fazem presentes no varejo, que começa a se habituar com o uso da AI para conquistar novos clientes, fidelizar os atuais, ampliar o leque de vendas dos varejistas e identificar tendências de consumo por perfil de consumidor. "Isso ocorre principalmente por causa da cadeia de marketing e vendas, que é a mais sensível aos avanços da IA. O varejo é um heavy user desses recursos, devido ao contato direto com o consumidor", diz Rodrigo Cunha, sócio da Neurotech, empresa pioneira na aplicação prática de inteligência artificial no mercado varejista brasileiro.

A AI tem servido para a identificação do perfil de consumo e comportamento dos clientes, não somente por grandes varejos internacionais, mas também por redes varejistas brasileiras de médio porte. "As ofertas passam a atender exatamente à necessidade do consumidor. Ao tornarem-se mais assertivas, aumentam o ticket do nosso cliente", afirma Cunha.

A AI combina uma série de informações que possibilitam personalizar a abordagem e o atendimento a clientes que possuem determinados perfis. "É o que definimos como personas. A análise de clustering, técnica que agrupa dados semelhantes automaticamente, identifica os consumidores que têm maior aderência a um produto ou serviço. Assim, é possível não só aumentar a eficiência na aquisição de novos clientes, mas prevenir a perda de antigos (processo também conhecido por churn)", explica.

Preços

A AI permite também otimizar as campanhas de marketing. "Há aplicações bem sofisticadas em uso. Elas combinam centenas de variáveis que possibilitam identificar os preços e promoções ideais. Como são variáveis importantes na decisão de compra do consumidor e, ao mesmo tempo, importantes para o varejista não perder margem, é fundamental monitorar a concorrência", alerta. Tal acompanhamento auxilia na definição dos valores cobrados pelos produtos, que trarão um equilíbrio entre o que é praticado pela concorrência e o controle da margem.

A demanda passou a ser mais previsível, o que permite, entre outros, aprimorar o controle de estoque e a estratégia de vendas. "Na Neurotech, já tivemos experiência de relacionar, por exemplo, clima e trânsito para prever o fluxo de lojas, o que se faz por meio da combinação de fontes públicas disponíveis na internet. Um grande conjunto de variáveis externas são usadas no país para prever a demanda", ressalta.

Crédito

Dentre as soluções da Neurotech para os varejistas, uma das que mais cresce é o Riskpack, que analisa o risco de crédito de consumidores. Com o uso de AI, pode-se identificar, em segundos, a real capacidade que um proponente possui de honrar o compromisso. Dessa forma, além de reduzir a exposição à inadimplência, pode-se elevar o volume de negócios, tanto pela redução do tempo de espera para avaliação de risco (geralmente, um fator de irritação e desistência para quem solicita um crediário), quanto realizar mais concessões, já que a ferramenta identifica bons pagadores mesmo entre pessoas negativadas nos bureaux de crédito.

A solução é usada hoje por mais de 100 redes varejistas, além de 40 instituições financeiras. Por mês, a Neurotech realiza mais de 105 milhões de analises de perfis para avaliação de risco e concessão de crédito. "O crédito tem que ser o alavancador do negócio e é preciso inserir o cliente com segurança e de uma forma que gere o menor atrito possível, ou seja, de modo rápido e preciso", explica o CEO da Neurotech, Domingos Monteiro

Tradicionalmente, ao entrar numa loja para solicitar um cartão de crédito, o cliente precisava entrar numa fila, passar informações e esperar a aprovação. "O processo era moroso e estressante para as empresas. Além disso, o 'não' era mais comum que o 'sim'. Essa avaliação, que era fonte de desgaste para clientes e de perda de vendas e de concessões para comerciantes e instituições financeiras, passou a ser algo positivo depois da Neurotech", diz Monteiro.

A solução Riskpack foi adotada este ano pela Besni, rede de lojas que possui 36 unidades no Estado de São Paulo. Segundo o diretor de operações da companhia, Marcos Paulo Santos, a escolha pela Neurotech deveu-se às pesquisas automáticas fornecidas pela empresa, particularmente junto à fontes públicas de informações e aos bureaux de crédito. "Antes, nosso processo de pesquisa para concessão de crédito era manual. Tínhamos de entrar nos sites, o que elevava muito o tempo de espera dos clientes que solicitavam nosso cartão", diz.

Desde a adoção do sistema da Neurotech, o processo de avaliação para concessão de crédito, que girava ao redor de 25 minutos, caiu para menos de 10 minutos. Embora o fornecimento de dados e checagem de informações pela Neurotech seja quase que instantâneo, a decisão é submetida a uma mesa de análise. "Ainda não temos como quantificar, mas essa agilidade aumentou o número de vendas, já que, por conta da espera, muitos clientes acabavam desistindo enquanto aguardavam a conclusão do processo", afirma o executivo.

Além do motor e da mesa de crédito personalizada para a rede, a Neurotech realizou uma estruturação da sua base de dados a fim de criar uma lista de clientes que, de acordo com determinados critérios, serão pré-aprovados ou pré-negados, automaticamente. "Além da automatização das consultas, a possibilidade de ter esses dados gravados trará uma evolução num futuro muito próximo, que permitirá uma decisão imediata", conclui Santos.

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