Tecnologia será um dos setores que mais puxarão a retomada da economia, segundo acreditam 51% de 500 CEOs ouvidos em pesquisa recente realizada pela Cook International, em parceria com a Intersearch Worldwide Ltd., rede mundial executivos. Tal indicativo aponta tanto para o investimento visando redução de custos quanto, no longo prazo, o conseqüente crescimento que ele proporcionará.
Isto já está sendo sentido. O setor bancário, por exemplo, destina grandes investimentos em tecnologia, estrutura e inovação. A fusão dos bancos Santander e Real e Unibanco e Itaú gerará aportes R$6 bilhões. O Bradesco também aposta na tecnologia e infraestrutura para aumentar sua capacidade e atender a demanda por crédito no pós-crise – só no primeiro semestre, o banco investiu R$1,6 bilhão nessas áreas. Tais decisões mostram que, cada vez mais, a tecnologia é enxergada como parte do planejamento estratégico da empresa, com executivos menos técnicos e visão mais abrangente, pensando em todas as áreas da organização e em como as ferramentas podem melhorar o desempenho, a produtividade e a inovação.
Outro segmento que cresce em meio à crise, no sentido ganho de escala e agilidade, é o outsourcing, ou terceirização de processos. Segundo estudo da consultoria em inteligência de mercado Frost & Sullivan, estima-se que essa área crescerá US$3,48 bilhões em 2013, o que representaria um aumento de quase 120%, já que esse mercado teve uma receita de US$ 1,59 bilhões em 2007. O mercado vem crescendo porque as empresas estão focando seus core business e terceirizando processos intermediários. Além disso, a terceirização não apenas reduz custos, mas melhora o controle, as práticas, os processos e a produtividade.
Inovação tecnológica também terá muitos investimentos por parte das empresas. É fato que, passada a crise, empresas e mercados já não serão os mesmos, por isso a necessidade de se ter novas ferramentas, produtos e serviços para a empresa ganhar competitividade. No entanto, para não perder dinheiro, as organizações apostam em projetos de curto prazo, que dêem retorno rapidamente. E quando falo de inovação, não são somente produtos ou serviços, mas modelos estratégicos de negócios e gestão que estão sendo re-avaliados para dar melhores resultados.
A tecnologia seria, de fato, a chave para o aquecimento da economia e a solução para as empresas inovarem e terem mais competitividade. Em entrevista recente, Bill Gates, da Microsoft, disse que a criação de softwares e investimentos em tecnologia da informação farão os mercados funcionarem melhor e ajudarão os Estados Unidos e o resto do mundo a sair da recessão. O pior já passou e mercados como China, Índia e Brasil já dão sinais de retomada da economia.
Com tudo isso, o profissional de tecnologia precisa estar preparado para um novo mercado, com novos desafios e funções. Os altos investimentos na área aumentam a cobrança por parte da empresa para executivos completos, com visão de negócios. Muitos dos executivos já estão além do perfil técnico e têm características diferenciadas, como gestão de pessoas e operações e planejamento financeiro e orçamentário. Para aqueles que ainda se limitam à tecnologia, este é o momento de reavaliar e mapear outras áreas e projetos que podem assumir. Além disso, com a gestão cada vez mais integrada, nunca é demais ter uma visão abrangente e se aproximar de áreas estratégicas, como marketing e vendas.
* Patrícia Epperlein é chairwoman da Intersearch Worldwide Ltd. e sócia-diretora da Mariaca